Em março, você também vai conhecer a música camerística e para piano do compositor dinamarquês
Durante este mês, de segunda a sexta-feira, no Rádio Metrópolis e no Tarde Cultura, você vai conhecer um pouco melhor a obra de Carl Nielsen, um dos grandes compositores nórdicos da passagem dos séculos 19-20. Ele forma, ao lado de Sibelius, o duo de grandes criadores musicais da região. Ambos nasceram no mesmo ano, 1865 -- portanto, em 2015 o mundo comemora os 150 anos de nascimento deles. Nielsen, no entanto, não teve vida tão longa quanto a do finlandês Sibelius, que morreu em 1957, aos 93 anos.
Nascido em 9 de junho de 1865 numa família de camponeses em Fyn, ilha próxima à cidade de Odense, na Dinamarca, viveu 66 anos. Morreu em 1931. Construiu uma obra muito interessante e bastante diferente em relação à do finlandês Sibelius. Em comum, eles têm o sentido épico, o gosto pelas longas melodias. Mas as semelhanças param por aí.
Nielsen conseguiu firmar-se como um dos grandes sinfonistas do século 20, apesar de todas as dificuldades que teve de enfrentar ao longo da vida. A pobreza foi a primeira delas. Seu primeiro contato com a música aconteceu aos 14 anos, quando integrou a banda militar em Odense. Somente aos 19 anos começou a estudar música formalmente, graças a uma bolsa de estudos no Conservatório Real Dinamarquês. Lá estudou violino, e só viajou para Alemanha, França e Itália em função de doações, bolsas ou patrocínio.
Ao todo, escreveu seis sinfonias, nas quais demonstrou com enorme talento sua técnica da tonalidade progressiva. Ainda integrava a fila dos segundos violinos da Orquestra de Copenhague, em 1894, quando sua primeira sinfonia estreou. Ele a compôs em 1890, antes portanto de Sibelius e Mahler se iniciarem no gênero. Embora vista como obra de juventude, a verdade é que a sinfonia no. 1, em sol menor, opus 7 de Nielsen já expressa uma postura clara, do ponto de vista criativo europeu: na guerra entre os partidários da música do futuro de Wagner e os conservadores liderados por Brahms, ele ficou ao lado do autor do Réquiem Alemão. No entanto, já pratica, na primeira sinfonia, o que o compositor inglês Robert Simpson, autor de um ótimo livro sobre as sinfonias de Nielsen, qualifica como tonalidade progressiva. Isto é, Nielsen é conservador, mas pratica seus atrevimentos. É capaz, por exemplo, de começar uma obra numa tonalidade e terminá-la em outra, como na Sinfonia no. 1; e quase sempre desobedece às regrinhas tonais. Não resolve as dissonâncias.
Seu credo: “Todo músico tem o direito de usar os sons que quiser”. Deu títulos diferentes a movimentos, como o Allegro orgoglioso, que abre sua primeira sinfonia; chamou a terceira de “Sinfonia Espansiva”; e a quarta, composta em 1916, em plena Primeira Guerra Mundial, de “Inextinguível”. Morto em 1931, suas sinfonias permaneceram marginalizadas. Até o maestro Leonard Bernstein, que já trouxera o monumento sinfônico mahleriano para o primeiro plano da vida musical internacional nos anos 60, também reviver as de Nielsen na mesma década.
Ele escreveu também muita música de câmara e para piano, desconhecidas modernamente. Elas só são tocadas em seu país. Injustificadamente. Com razão, o crítico e jornalista inglês Norman Lebrecht o chama de “Janacek nórdico”. Em março, você vai conhecer e se encantar com as composições não-sinfônicas de Nielsen. Além de sua obra-prima, o Quinteto de Sopros, destacam-se seus quartetos, sonatas para violino e piano e os vários ciclos de miniaturas pianísticas. E, claro, vai conhecer também suas sinfonias.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
A grande música de Tom Jobim
Beethoven 250 anos
Hugo Wolf, o último gênio do lied
Duke Ellington: Um gênio sem fronteiras
O sabor ibérico da música de Domenico Scarlatti