O primeiro grande teatro da cidade teve um fim trágico
São Paulo tem vários teatros e todos os anos inauguram-se outros. Alguns são muito grandes e possuem recursos equivalentes aos dos melhores do mundo. Mas praticamente todos são novos e a maioria construída nos últimos 20 ou 30 anos.
E antigamente, a cidade não tinha teatros?
Bem, é claro que tinha. O primeiro teatro da cidade foi a Casa da Ópera, cuja história já contamos. Criado ainda no século 18 ocupava um acanhado casarão no Pátio do Colégio. Mas era muito modesto e seus espetáculos bastante limitados, como observou Saint Hilaire que esteve lá um ano antes da Independência.
O segundo teatro da cidade foi o Teatro São José, que ficava onde hoje está a Praça João Mendes, chamada naquela época de Largo de São Gonçalo. Ocupava a área que, muitos anos mais tarde, seria instalada a catedral. A construção do prédio, concedida a um empresário, conhecido concessionário de serviços públicos, começou em 1858 e era paga com o dinheiro do governo provincial. Certamente em função disso virou uma obra interminável e foi alvo de várias denúncias pela imprensa da época. Quando foi finalmente aberto em 1864, as obras estavam incompletas e o chão da plateia era ainda de terra batida e o público tinha que providenciar as próprias cadeiras. O teatro, ao contrário do esperado, causava vergonha e não orgulho aos paulistanos. Depois de longas batalhas judiciais o São José foi encampado pelo Governo e concedido a Antonio da Silva Prado, que reformou o prédio inteiro e o transformou num teatro de verdade com mais de 1200 lugares. Nele se apresentaram muitos artistas internacionais e até a atriz Sarah Bernhardt, na sua primeira visita a São Paulo.
Ali foi o centro da vida cultural paulistana até a madrugada do dia 15 de fevereiro de 1898, quando a cidade foi acordada pelo toque dos sinos das igrejas convocando os bombeiros voluntários. Apesar dos esforços dos cidadãos, quando o dia amanheceu o grande teatro estava destruído e com ele o camarote onde um apaixonado estudante baiano chamado Castro Alves admirava a sua amada atriz Eugenia Câmara.
Só dez anos mais tarde um novo teatro São José seria construído, ao lado do viaduto do Chá, mas essa é uma outra história.
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