Cine Piratininga era provavelmente um dos maiores do mundo
Já falamos muitas vezes sobre os cinemas da cidade. Por muitas décadas ir ao cinema foi a maior diversão dos paulistanos. Desde a época dos filmesmudos, multidões eram atraídas aos cinemas e havia salas para todos os gostos e tipos de espectadores. Desde as mais luxuosas, no Centro da cidade, na área que ficou conhecida por Cinelândia, nas imediações das Avenidas São João e Ipiranga, até os humildes cinemas de bairro, que reuniam as famílias de trabalhadores. Esses, nos fins de semana, mantinham sessões corridas que atraiam hordas de crianças e jovens que acompanhavam os seriados de Hollywood.
A partir dos anos 40 os cinemas foram se tornando cada vez maiores e mais sofisticados e alguns eram verdadeiros palácios de diversão e a sua decoração e arquitetura faziam parte do espetáculo.
O maior deles, foi o Cine Piratininga, no Brás. Projetado por Rino Levi, um dos grandes arquitetos modernistas da cidade. Seu projeto já era em si “coisa de cinema”. Rino foi responsável por grandes edifícios da cidade como o Teatro de Cultura Artística, o Hospital Albert Einstein e o Cine Ipiranga. O Piratininga tinha todas as marcas da sua arquitetura, moderna, mas de inspiração clássica, característica da arquitetura italiana daquela época. Sua entrada era monumental e tinha um pé direito altíssimo. Mas o que mais chamava a atenção era o seu tamanho. Comportava confortavelmente 4.313 espectadores, e talvez fosse um dos maiores do mundo. Consta das enciclopédias que o maior cinema da Europa, o Gran Rex em Paris, construído nos anos 30 e que funciona até hoje, tinha “apenas” 2.800 lugares. A metade do Piratininga!
O Piratininga marcou época no Brás e, dizem os velhos frequentadores, vivia lotado. Apresentava todo o tipo de filme, mas seu forte, era a programação “familiar” e as grandes produções hollywoodianas que causavam sensação na sua tela imensa.
Como grande parte dos velhos cinemas, o Piratininga também viu seus dias de glória passarem. Foi fechado no início dos anos 70 e transformado em estacionamento. No entanto, o prédio continua de pé e, embora o telhado tenha sido demolido, ainda é possível ver a aparência geral da sala e o aspecto monumental que ela tinha. O Piratininga não teve a sorte de outros cinemas da cidade que se transformaram em igrejas. Como igreja, provavelmente estaria preservado e poderia mostrar, ainda que em parte, a sua arquitetura que impressionava os paulistanos de outros tempos.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
O frio de São Paulo assustava os velhos paulistanos
São Paulo também se preparou para a guerra nos anos 40
A velha rodoviária era símbolo de uma cidade caótica
Como o rádio ajudou São Paulo a entrar em guerra
Os ônibus vermelhos e de dois andares não vingaram em São Paulo
Cine Piratininga era provavelmente um dos maiores do mundo