Donos de uma força monumental, eles fizeram do café sua luta diária.
No início do século XX o café era como se dizia na época “a seiva vital’ que movia a economia brasileira. Em São Paulo, tudo dependia do café e se dizia que até a Light vendia mais passagens de bonde quando os preços do café subiam na Bolsa de Santos. Todos os negócios dependiam dele e a variação dos preços afetava a vida dos pobres e dos ricos.
Provavelmente por isso, os negócios de café chamavam a atenção e naquela época sem internet, eram os cartões postais que disseminavam as imagens que interessavam a todos. São inúmeros os exemplos de imagens relativas ao plantio, colheita, transporte e exportação de café reproduzidas nos cartões postais da época. O porto de Santos não foi exceção e desde o surgimento da fotografia no Brasil ele foi alvo das lentes dos primeiros fotógrafos.
Entre as fotos mais curiosas sobre o porto, com certeza se inclui a cena do carregamento dos navios. O carregamento era realizado inteiramente nos ombros dos estivadores que carregavam dois sacos cada um. Isto quer dizer 120 kg de peso, do armazém ao navio, durante todo um dia de trabalho. Esses trabalhadores eram comprovadamente fortíssimos e o carregamento em si já era uma proeza.
Mas essas fotos de homens sujos e curvados sob o peso das sacas de café lembravam mais a escravidão do que a São Paulo pujante e moderna que todos aspiravam. Talvez por isso tenha surgido a série que retrata as proezas dos carregadores de café.
Nessas fotos, trabalhadores brancos e saudáveis se mostram como verdadeiros super-homens. Entre eles se destaca um estivador lendário, conhecido como Jacinto, apelidado de o “Sansão de Santos”. Fotos dele o mostram entre outros trabalhadores, sustentando sobre os ombros 5 sacas de café, pesando no total 300 kg, como se estivessem disputando um campeonato. As fotos circularam muito por aqui, e provavelmente correram o mundo. Mas a cena é verdadeira ou apenas um recurso de propaganda para vender os cartões?
É crível que houvesse entre os estivadores, homens capazes de carregar grandes pesos. Quanto mais sacas carregassem mais ganhavam e os campeões deviam transportar uma quantidade assombrosa de sacas por dia. Mas a imagem do Jacinto é verdadeira ou uma montagem?
Talvez não seja verdade, mas a imagem de superação ficou e podemos vê-la ainda hoje. Ela nos mostra um trabalhador orgulhoso do seu trabalho. Tanto quanto os donos daquelas sacas se orgulhavam de São Paulo e queriam mostra-la ao mundo.
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