O transporte público em São Paulo sempre foi um problema.
Ônibus articulado, biarticulado, BRT, vias segregadas, corredor de ônibus. Todas essas expressões representam as variadas tentativas de melhorar o transporte urbano com a utilização dos ônibus. Mas o problema de transportar muitos milhares de passageiros, para os mais diversos pontos da cidade é antigo, e até o fim da primeira metade do século 20, o transporte coletivo em São Paulo foi dominado pelos bondes. Mas São Paulo era “a cidade que mais cresce no mundo” e no final dos anos 50, sem o Metrô, os prefeitos e dirigentes da Capital eram constantemente cobrados para dar solução ao problema do transporte. Era comum ver gente dependurada nos ônibus e nos bondes, se equilibrando precariamente nos estribos, na luta para ir trabalhar ou voltar para casa.
O problema era complexo e não comportava soluções simples. O Metrô era a alternativa óbvia, mas custava muito dinheiro e a cidade, sempre falida, não tinha como bancar uma obra tão cara.
Frente a um problema dessa gravidade, alguém teve uma ideia. Porque não construir um ônibus muito grande, que transportasse o dobro dos passageiros dos ônibus comuns? Era o Papa-Filas, uma mistura de ônibus e caminhão capaz de transportar 120 passageiros! Não é fácil de explicar como era para quem nunca viu o bicho ao vivo. Era uma carreta ou cavalo mecânico, Fenemê, que tinha acoplada uma carroceria de ônibus enorme na traseira. A carroceria de ônibus vinha engatada e ficava totalmente separada da cabine do motorista. A CMTC, empresa que possuía o monopólio do transporte coletivo em São Paulo, logo adquiriu 50 unidades e o Prefeito Lino de Matos fez a viagem inaugural. Os ônibus eram uma sensação e todos os jornais falavam deles.
Mas havia problemas. Não eram exatamente ônibus, mas caminhões que puxavam uma carreta. Além de o motorista estar completamente separado dos passageiros, o veículo sacudia como um cavalo xucro e era difícil ficar em pé, ou até mesmo sentado, nas esburacadas ruas da cidade. Embora fosse adorado pelas crianças, que queriam passear no Papa-Filas, os passageiros habituais não aprovaram. Aos poucos foram sendo substituídos e o problema do transporte continuou igual. O pobre Papa Filas era grande, mas como se dizia antigamente, “tamanho não é documento”.
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