O Natal como o conhecemos hoje em dia foi uma invenção do século 20.
No Brasil de antigamente, o Natal era uma festa religiosa que se iniciava com a Missa do Galo, realizada à meia-noite do dia 24. As famílias montavam presépios e era só. Com a chegada dos imigrantes, isso foi mudando e em São Paulo se tornou comum dar presentes às crianças no dia de Reis, 6 de janeiro. Espanhóis e italianos, principalmente, difundiram o hábito na cidade. Mas o Natal dos presentes ia ganhando espaço.
Na segunda feira, 24 de dezembro de 1917, a Mappin Stores pedia aos clientes que fizessem suas compras mais cedo, “aproveitando as horas da manhã, quando o movimento é menos intenso.” Anunciava também o “Chá de Natal”, que dava direito às crianças “retirar um presente da Árvore do Natal”. Tudo por módicos 2 mil réis, preço proibitivo para os pobres, mas acessível para a classe média que podia frequentar aquela loja de elite.
Com o tempo, os Reis Magos dos espanhóis e a Befana dos italianos, a velha bruxa que deixava doces nas meias das crianças boazinhas e carvão para as que não se comportavam bem, foram sendo substituídos pelo Papai Noel. A partir dos anos 50, o Natal de São Paulo ficou cada vez mais parecido com o dos filmes americanos, com Papai Noel, neve e renas. A cidade se enfeitava e as luzes enchiam as árvores das ruas e praças do Centro. E era no Centro, no trecho da cidade que ia da Praça da Sé ao Largo do Arouche, que se concentrava o “espirito do Natal”, com as vitrines e ruas decoradas. No final dos anos 50, as grandes lojas começaram a fechar mais tarde, primeiro às 8 da noite, depois às 10 e o Mappin nos anos 70, passou a fechar à meia-noite.
O Centro fervia o dia inteiro. mas era à noite o seu grande momento. Parecia que todos os moradores da cidade corriam aquelas ruas, se não para comprar, pelo menos para olhar as vitrines ou levar as crianças para ver os enfeites e falar com o Papai Noel, que ficava de plantão em todas as grandes lojas. Também havia música, como nos filmes, pois em frente ao Mappin e no Viaduto do Chá, sempre havia uma pequena banda do Exército da Salvação pedindo doações e tocando as músicas do Natal.
Não havia neve, nem fazia frio. Mas, pelo menos para as crianças, o clima era igualzinho ao dos filmes, do cinema e da televisão.
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