O escritor passou a maior parte de sua vida em São Paulo.
Caiu em domínio público a obra de Monteiro Lobato. Setenta anos depois de sua morte, seus escritos podem agora ser livremente reproduzidos e, talvez em razão disso, sua produção literária tem sido intensamente revista e comentada. Preveem-se dezenas de novas edições e até algumas adaptações de seus livros infantis.
Embora nascido e criado no interior, em Taubaté, onde o avô era fazendeiro de café, o futuro escritor veio ainda jovem para São Paulo para estudar na Academia do Largo de São Francisco. Nessa época, morou numa república de estudantes com vários colegas que se tornaram também escritores, como Godofredo Rangel e Ricardo Gonçalves. A casa onde moravam, chamada por eles ‘O Minarete” em razão de um andar superior alto e estreito que se assemelhava a uma torre, resistiu por muitos anos na rua 21 de Abril, no Belenzinho.
Mais tarde quando voltou à São Paulo, depois de uma curta carreira de advogado no interior e de vender a fazenda herdada do avô, instalou-se na casa da sogra, na rua Formosa, aos pés do velho viaduto do Chá todo de ferro e de onde ele pintou a paisagem do Anhangabaú, em aquarela. Morou depois na rua Genebra e em muitos outros endereços próximos ao Centro da cidade. Viveu alguns anos nos Estados Unidos na década de 20 e no fim da vida passou uma longa temporada em Buenos Aires, onde fez enorme sucesso como escritor. Quando voltou, já não desfrutava da prosperidade dos melhores tempos e mudou-se para um apartamento emprestado por seu amigo Caio Prado Jr., na rua Barão de Itapetininga 93, onde no térreo funcionava a Livraria Brasiliense, uma das principais da cidade e também pertencente à Caio Prado.
Nesse endereço, que até hoje existe, Monteiro Lobato morreu no dia 4 de julho de 1948, depois de sucessivos derrames cerebrais. O prédio permanece lá firme como testemunha muda de um pedaço relevante da cultura e da literatura de São Paulo. Quem passa na rua nem desconfia que naquele local viveu e morreu o escritor tão querido.
Agora, a Prefeitura pretende identificar os prédios históricos da cidade com placas semelhantes às que existem em Londres, que os turistas curiosos leem com atenção. Em São Paulo ainda não temos nada disso. Quem sabe em breve possamos andar pelas ruas do Centro e saber onde viveram os artistas, escritores e personagens históricos da cidade.
Tomara!
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