A profissão mais antiga também existia em São Paulo
As prostitutas sempre estiveram presentes em São Paulo, como aliás, em quase todas as cidades e existem registros muito antigos da presença delas por aqui.
Saint-Hilaire, o naturalista francês que nos visitou um pouco antes da Independência, ficou impressionado com a presença das prostitutas em diversos locais da cidade. Chamou a atenção do aristocrático cientista, a região conhecida como Rua das Casinhas, que segundo ele reunia “nuvens de prostitutas” que buscavam os fornecedores e fregueses das muitas “vendas” de produtos alimentícios que se enfileiravam naquele trecho central da cidade, bem ao lado do Pateo do Colégio.
Mais tarde, quando Castro Alves frequentou a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a zona alegre da cidade se situava na Rua da Palha, atual Sete de Abril. Por estar localizada depois do Morro do Chá, muito antes de se pensar em construir o viaduto, era retirada e discreta e lá os estudantes e outros boêmios podiam se divertir sem chamar a atenção dos pacatos paulistanos daquela época.
Mas a mais marcante rua alegre na história da cidade hoje é pouco lembrada, talvez por ter se transformado tanto, e tão rapidamente, que é difícil crer que ela tenha tido esse passado.
A Rua de São José, paralela à Rua São Bento, bem no centro da cidade, era repleta de casas, a maioria térreas, onde, segundo Oswald de Andrade, “concentrava-se o mulherio da vida que permanecia, da tarde à noite, seminu e apelativo, nas janelas e nas portas abertas a qualquer um.” Jorge Americano, que viveu na mesma época, nos conta que nas casas de família se abaixava a voz quando alguém mencionava “aquela rua”. A Rua de São José numa posição tão visível numa cidade que ia rapidamente se transformando em grande metrópole, envergonhava os seus orgulhosos habitantes. Quando a prefeitura trocou o seu nome para Rua Líbero Badaró e a alargou, ela se transformou, nos anos 20, numa das ruas mais belas e importantes da cidade.
Mas mesmo depois dessa grande transformação, ainda por muito tempo a Rua Líbero Badaró foi chamada de Rua de São José, baixando-se a voz como se fosse um nome feio. Sobre ela, uma poetisa paulista nos deixou uma quadrinha:
Bela, grandiosa comprida,
Palpita, estua, trepida…
Que diferente ficou!
Vendo-a, ninguém se lembrava
Da rua que não prestava…
Que até de nome mudou
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