Paulistanos também morreram por causa do conflito.
A Primeira Guerra Mundial acabou há 100 anos. Os países que participaram da luta comemoraram o fim do mais mortal conflito humano até aquele momento. Houve cerimônias em quase todo o mundo, mas no Brasil a data quase passou despercebida. Poucos se lembraram dela, porém na São Paulo da Belle Époque a guerra foi um assunto cotidiano e marcou profundamente a cidade.
Embora houvesse em São Paulo uma sólida colônia alemã, a simpatia da população, desde o início, estava com os franceses. A cultura, as artes e a própria língua francesa faziam parte da formação dos paulistanos cultos e não havia praticamente ninguém na elite ou nas classes médias, que não soubesse pelo menos um pouco de francês para ler as revistas. Além do mais, com exceção do Deutsche Zeitung, o Diário Alemão, todos os jornais da cidade se alinharam com os Aliados e o Estado de S.Paulo, publicava as segundas feiras, artigos densos de Júlio Mesquita, que faziam um balanço semanal do desenvolvimento do conflito.
Durante os três primeiros anos, o Brasil se manteve neutro, mas em janeiro de 1917 um submarino alemão afundou o vapor brasileiro Paraná, carregado de café. Em maio, outro navio foi afundado. O clima que já era hostil aos alemães, se agravou muito e, em São Paulo, foram inúmeras as manifestações de rua, lideradas principalmente pelos estudantes do Largo São Francisco, pedindo a guerra. Os tumultos em São Paulo, Rio e outras cidades brasileiras contribuíram para que o governo finalmente declarasse guerra às Potencias Centrais.
O Brasil não enviou soldados à Europa, mas em agosto de 1918, quase no final do conflito, foi enviada para a França uma Missão Médica Militar, composta por um corpo de apoio e 86 médicos e 17 estudantes de medicina, alguns acompanhados pelas esposas, que se apresentaram como voluntárias para servir de enfermeiras. Entre os paulistas, a maioria era deprofessores da Faculdade de Medicina e até o diretor, o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, tinha um filho engajado no grupo. Seus nomes e fotografias saíram nos jornais e a partida foi cercada de festas e banquetes. Todos embarcaram como heróis, mas ao chegar a Dakar, escala obrigatória da viagem, foram atingidos pela gripe Espanhola. Muitos morreram logo que o navio tocou o porto daquela cidade africana. Quando as notícias chegaram, houve um choque. O Governo preocupado com as repercussões, censurou os telegramas vindos do exterior. Mas a pressão das famílias acabou por liberar as informações. Então se soube que mais de cem brasileiros, entre oficiais e praças, haviam sido dizimados em poucos dias pela gripe espanhola que assolava o porto de Dakar.
No dia 10 de outubro, depois de confirmados os nomes dos mortos, o Governo Federal — na impossibilidade de realizar os enterros — fez celebrar na Igreja da Candelária, uma missa de réquiem, com a presença de todos os ministros e do presidente da República, em honra dos membros da Missão Médica Militar falecidos na África.
Embora nenhum soldado brasileiro tenha lutado nos campos de batalha da Europa, muitos paulistanos da Missão Médica perderam a vida por causa da guerra.
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