O Martinelli foi o primeiro edifício realmente grande em São Paulo.
No início do século 20 São Paulo não queria apenas ser grande, mas queria ser considerada também um centro adiantado, uma capital à altura das maiores cidades do mundo. Mas os modelos variavam. Uns queriam tornar São Paulo bela como Paris, com ruas largas e retas e magníficos edifícios de altura controlada para manter o aspecto da cidade uniforme. Outros, principalmente os que conheciam ou estudaram nos Estados Unidos, sonhavam com uma metrópole parecida com as americanas com arranha céus de altura ilimitada.
Como todos sabem o modelo americano acabou por se impor e os prédios em São Paulo cresceram descontroladamente. O primeiro foi o Edifício Guinle na Rua Direita, inaugurado em 1913 e com assombrosos 7 andares! Mas ele logo foi superado e em 1924 foi inaugurado o Sampaio Moreira, na rua Líbero Badaró, com 12 andares e mais de 50 metros de altura. São Paulo começava a sua corrida em direção ao céu.
Foi nesse mesmo ano, que um imigrante italiano que enriqueceu como importador e comissário de café, chamado Giuseppe Martinelli, resolveu construir o maior arranha céu da cidade. Usando um terreno que já possuía há mais de dez anos, e onde durante muito tempo existiu o Café Brandão, um dos mais tradicionais da cidade, ele pretendia construir um enorme prédio de doze andares, tendo como arquiteto o húngaro Fillinger. Porém com a inauguração naquele ano do Sampaio Moreira também com 12 andares, o comendador Martinelli exigiu que o projeto fosse ampliado para 14. A obra, enorme para a época, seguiu em meio a grandes dificuldades, mas em 1928, apesar dos contratempos, o teimoso Comendador resolveu acrescentar mais 10 andares ao projeto, que alcançaria então 24 e seria o mais alto edifício da América do Sul. Os jornais se alarmaram e a Gazeta deu a manchete: “Poderá ruir o Prédio Martinelli”. Houve tentativas de embargar a obra, mas Martinelli não se rendeu. Para afastar dúvidas mudou-se para o nono andar do prédio que mandou decorar com todo o luxo. A Prefeitura que também queria que São Paulo tivesse um prédio como aquele, liberou a obra. Mas em 1929 foi inaugurado no Rio de Janeiro o Edifício “A Noite”, o mais alto da América do Sul, com 102 metros de altura.
Martinelli não se deu por vencido, e impossibilitado de colocar mais andares num prédio que havia sido projetado originalmente para 12, fez construir uma casa na cobertura! Na realidade tinha a forma de um sobrado, com uma torrinha de 3 pavimentos por cima. Era um casarão como os da avenida Paulista, mas o jardim com roseiras, cravos e violetas estava na altura do vigésimo quinto andar. Com isso o prédio alcançou os 30 andares e garantiu à Martinelli o título de mais alto da América do Sul!
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