Durante este mês de dezembro você ouve trechos das obras mais conhecidas e também descobre criações raras do compositor russo, em performances exclusivas da Cultura FM
É impossível iniciar um perfil do compositor russo Sergei Prokofiev sem lembrar que ele morreu em Moscou no dia 5 de março de 1953 – 50 minutos antes da morte de Stálin. Isso retardou a divulgação de sua morte. O país chorava o todo-poderoso da URSS. Seu enterro só aconteceu três dias depois. Não conseguiram sequer levar seu corpo de sua casa para a União dos Compositores Soviéticos por causa da multidão nas ruas.
Outra coincidência, desta vez musical, também se abateu sobre ele. Também nâo é exagero afirmar que a sombra de Igor Stravinsky foi grande demais e sempre atrapalhou Prokofiev. Numa declaração muito famosa, Stravinsky disse à imprensa que “Prokofiev é o maior compositor da atualidade... depois de mim, é claro”.
O fato é que provavelmente Prokofiev é o compositor que mais contribuiu com músicas novas para alimentar a chamada vida musical convencional. Suas sonatas para piano e ciclos como as Visões Fugitivas frequentam os recitais de pianistas. O concerto para piano n. 3 fez a fama de Martha Argerich nos anos 1960 e 70. A colaboração com o lendário cineasta Sergei Eisenstein em clássicos como Alexander Nevsky e Ivan, o Terrível mostrou-o como notável compositor de trilhas sonoras. A no domínio lírico, O Amor das Três Laranjas é presença obrigatória nas casas de ópera do mundo inteiro. E das suas sete sinfonias, ao menos a quinta é considerada obra-prima e é frequentemente tocada pelas orquestras sinfônicas.
Nascido em 23 de abril de 1891 na Rússia czarista, Sergei foi gênio precoce nos anos que antecederam a Revolução de 1917 (começou a estudar no Conservatório de Sâo Petersburgo em 1904). Em 1913, foi a Londres e Paris. Conheceu bem Stravinsky, então enfant terrible na capital francesa, e também Claude Debussy. Entre 1918 e 1935, viveu sucessivamente nos Estados Unidos e França. Escreveu para os Balés Russos de Diaghilev (O Bufão, O passo de aço) e as óperas O jogador e O Anjo de fogo.
Duas turnês de muito sucesso na União Soviética em 1927 e 1932 o convenceram a curar sua saudade da pátria – voltou a viver lá de 1935 até sua morte, em 1953. Foi várias vezes humilhado e rechaçado, ao lado de Shostakovich, pela política cultural oficial do regime que levou o nome de "realismo socialista". Neste ambiente conturbado, Prokofiev produziu muito: a música dos balés Romeu e Julieta (logo que retornou à U.R.S.S. em 1935/36) e Cinderela (1940/44); as últimas três de suas sete sinfonias, as quatro últimas sonatas para piano, onde se destacam as obras-primas escritas durante a Segunda Guerra Mundial – as sonatas 6, 7 e 8. Outra obra muito popular no mundo inteiro é a fábula musical infantil Pedro e o Lobo, de 1936.
Notável orquestrador, procurou superar em brilho e monumentalidade, como afirma Philippe Olivier, os mestres Rimski-Korsákov e Stravinsky. A Suíte Cita, de 1914, por exemplo, ficou conhecida entre os organizadores de concertos como "a obra mais cara do mundo". Além de uma orquestra imponente, Prokofiev acrescentou oito trompas, cinco trompetes e muitos instrumentos de percussão. Um efetivo instrumental tão grande quanto os Gurrelieder de Schoenberg ou as sinfonias de Gustav Mahler (que na época não eram conhecidas nem habitualmente executadas).
A música de câmara só o apaixonou verdadeiramente nos anos finais de vida, a partir de 1949, quando conheceu o jovem violoncelista Mstislav Rostropovich, então com 22 anos, com quem aprendeu os segredos do instrumento – compôs uma sonata, um quarteto de cordas e um quinteto na sua plena maturidade. Reescreveu inteiramente seu concerto de 1938 depois do contato com o cellista. Chamou a obra de sinfonia concertante.
Durante este mês de dezembro, no RadioMetrópolis e no Tarde Cultura, você ouve trechos das suas obras mais conhecidas e também descobre criações raras, em performances exclusivas da Cultura FM.
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