Em junho, Cultura FM explora as obras mais – e também as menos – conhecidas do alemão em gravações exclusivas, realizadas em concertos ao vivo em diversos países
Nenhum outro compositor encarnou tanto o ideal romântico. A história de sua vida e a sua criação musical estão inteiras em seu diário, conhecido como "Tagebuch" (diário). O artista de gênio desnuda-se diante de um mundo que não o compreende, afirma sua diferença e finalmente destrói-se por não suportar as dores deste mundo. "O que os homens não podem me dar", escreve, "a música me dá; todos os elevados sentimentos que eu não consigo traduzir, o piano os diz para mim". Ele possuía tanta consciência de que sua vida espelhava-se em sua arte que a um amigo que reclamou com ele por não escrever-lhe durante muito tempo, Robert respondeu: "Mas você pode ficar sabendo de tudo que me aconteceu se ouvir minhas composições".
"O romantismo não está só na forma; se o compositor for poeta, ele também irá expressar-se como tal. Um dia, vou provar tudo isso a você [Clara] com minhas 'Cenas infantis'". Pois justamente a derradeira das peças curtíssimas deste ciclo leva o título "Der Dichter spricht", ou o poeta fala. Ele se vê, assim, como um poeta, um poeta dos sons, expressão que Beethoven também utilizara poucos anos antes.
Compôs cerca de 250 lieder, entre eles um dos mais celebrados e geniais ciclos de canções da história da música, "Dichterliebe", ou O Amor do Poeta, opus 48; escreveu uma série de ciclos e peças para piano que constituem obras-chaves do século 19; três quartetos de cordas e o quarteto e o quinteto para piano e cordas, suas obras mais conhecidas no gênero camerístico; os concertos para piano e violoncelo e as quatro sinfonias, um mundo que só passou a freqüentar na maturidade; e as inúmeras obras corais-sinfônicas, hoje pouquíssimo executadas.
Numa geração em que a figura de Beethoven era monopolista, Schumann enxergava em Schubert seu guru. E não só no lied como na produção pianística. Impossível não reconhecer a genialidade absoluta de ciclos como "Kreisleriana", "Cenas Infantis", "Estudos Sinfônicos" ou a sonata apelidada "Concerto sem orquestra".
Este é o Schumann mais conhecido. Uma parte da música de câmara freqüenta os concertos, como o quarteto e o quinteto com piano, além do concerto para piano.
Uma parte importante de sua obra, no entanto, permanece inexplicavelmente no limbo. É o caso da música sinfônica, coral-sinfônica, muito da música de câmara e as obras dos seus últimos anos. Brahms adorava a música incidental para "Manfredo" e as "Cenas do Fausto de Goethe" e dizia que elas são "as obras mais magnificentes de Schumann". Principalmente a última é praticamente desconhecida hoje. E Liszt concordava com Brahms em gênero, número e grau. Também achava Schumann moderno por causa de sua música sinfônica e para coro e orquestra.
Durante este mês de junho, a Cultura FM vai explorar, no RadioMetrópolis e no Tarde Cultura, diariamente, as obras mais – e também as menos – conhecidas de Robert Schumann, em gravações exclusivas, realizadas em concertos ao vivo nos mais variados países. Além disso, elas são recentes, de 2013 para cá. E, por último, alguns dos trechos, movimentos e/ou partes desses recitais e concertos poderão ser ouvidos na íntegra no programa Conexão Europa, diariamente, às 20h.
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