O crítico de cinema e sociólogo Luciano Ramos é autor da biografia 'José de Anchieta: poeta e apóstolo' e falou ao De volta 'pra' casa sobre a vida do beato
O papa Francisco assinou na última quinta-feira (03) o decreto de canonização do beato José de Anchieta. O jesuíta foi um dos fundadores da cidade de São Paulo e é considerado pela Igreja um exemplo de evangelização.
Em 1980, ele foi beatificado pelo papa João Paulo II e agora se tornou Santo, mesmo sem milagres comprovados. O crítico de cinema e sociólogo, Luciano Ramos, autor da biografia José de Anchieta: poeta e apóstolo, falou ao De volta 'pra' casa sobre a vida do beato.
O escritor conta que durante a invasão francesa na então Colônia Portuguesa, Anchieta foi preso pelos invasores. Nesse momento, escreveu um poema de 5.700 versos na areia da ilha em que estava refém, em homenagem a Virgem Maria. Outro grande feito de Anchieta foi a criação da primeira gramática em tupi guarani.
"Não haveria possibilidade de um diálogo entre os brancos e os indígenas se ele não tivesse decifrado os meandros da língua indígena", ressalta Ramos. "Ele colaborou para que os indígenas não fossem escravizados ou massacrados".
Segundo o biógrafo, eram documentadas coisas miraculosas sobre o Padre e as pessoas tinham tanta fé em seus milagres que pegavam fios de cabelo e pedaços da roupa de Anchieta para se salvar. Porém, quando ele morreu, essas atitudes não contaram para a Igreja. O que contava era o milagre místico. Exatos 417 anos depois de sua morte, porém, a canonização de Anchieta se dará por seu trabalho missionário feito no Brasil, principalmente pela catequização de índios no período da colonização, além da fundação de missões jesuítas em diversas províncias do país.
"O importante é a vida santa e não o milagre que ele fez depois da morte", diz Ramos, relembrando frase de Dom Odilo Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo. Confira a entrevista completa!
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