Sinônimo de perfeição e beleza musical
“Ele é inquestionavelmente um dos maiores gênios originais, até hoje não conheci um compositor que tivesse tão espantosa fartura de ideias. Mas gostaria que não as esbanjasse tanto. Ele não deixa o ouvinte respirar; nem bem percebemos uma bela ideia, outra mais esplêndida surge encadeada na primeira, e isso continua sem parar até o final. Quando acaba, não conseguimos fixar nenhuma dessas belezas em nossa memória”.
Estas foram as palavras do compositor Karl Ditters von Dittersdorf numa visita, em Viena, ao imperador Francisco José, do Império Austro-húngaro. Corria o ano de 1790, e o monarca lhe perguntara o que pensava das composições de Mozart.
Ele estava criticando Mozart – imaginem – pela fartura e avalanche inéditas de belíssimas ideias musicais empilhadas em sequências de tirar o fôlego. O rei, aliás, de certo modo disse a mesma coisa quando Mozart apresentou-se sua corte em 1781, recém-chegado de Salzburgo. “Notas demais, sua música tem notas demais”.
Hoje, a mais de dois séculos de distância, é justamente esta a qualidade que espanta e seduz públicos de todo tipo e de todo quadrante. Mais do que isso – e sobretudo na música instrumental – a música de Mozart é sinônimo de perfeição absoluta.
Hoje, escreve o musicólogo Scott Burnham, “é dogma entre ouvintes e críticos que Mozart compôs a mais bela música que conhecemos”. E ele cita como exemplo o fantástico adágio do “Concerto para Clarinete e Orquestra”, a derradeira obra instrumental do compositor, escrita em outubro de 1791, dois meses antes de sua morte. “Com exemplos como este, não é difícil ver por que a música de Mozart é descrita com frequência como se existisse num único e isolado estado de graça”.
Existe uma tsunami de gravações da obra de Wolfgang Amadeus Mozart, o compositor de fevereiro da Cultura FM. Não foi por acaso que um pacotaço, na verdade uma caixa-mamute com 200 CDs lançada em outubro passado no mercado internacional para lembrar os 225 anos de sua morte com a integral de sua obra, foi a campeã de vendas em 2016 no mundo: 1.250.000 CDs vendidos em 5 semanas. Muito à frente de astros e estrelas pop como Beyoncé, por exemplo.
O pianista e musicólogo Charles Rosen anota em seu clássico livro O estilo clássico que “hoje, Mozart tornou-se excessivamente fácil, sua música perdeu sua efetividade dramática. Algumas das dificuldades com as quais lidou desaparecem com o tempo e a familiaridade; outras tornam-se invisíveis ou inaudíveis”.
Cabe a nós, portanto, ter ouvidos para ouvir e clareza para espanar a pátina do tempo e redescobrir, maravilhados, este estado de perfeição que permeia toda a criação mozartina.
Uma demonstração da presença fortíssima de Mozart na vida musical do mundo hoje, em pleno século 21, está no fato de que preencheremos todas as inserções diárias deste mês no Rádio Metrópolis e no Tarde Cultura com gravações de concertos ao vivo espalhados pelo mundo, performances exclusivas da Rádio Cultura FM.
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