Não está na hora de dizer que o tempo das revoluções tingidas de sangue já passou?
Tatiana Thomé e Luah Guimarães em 'Arena Conta Danton', espetáculo dirigido por Cibele Forjaz
Nesta quarta-feira (16), a repórter Cirley Ribeiro trouxe uma reportagem sobre a peça Rózà, que estreia na sexta (18), na Casa do Povo, retratando a faceta literária de Rosa Luxemburgo, militante política alemã assassinada em 1919.
No decorrer da entrevista, a diretora da montagem Martha Perrone declarou que os escritos de Rosa Luxemburgo têm "qualidade poética extraoridária", o que talvez seja um exagero, pelo menos aos olhos da maioria da crítica literária do século 20. Além disso, a diretora disse que a personagem "lutava pela democracia" – afirmação à qual, quem sabe, também fosse possível fazer, com todo o respeito, algum reparo?
Seja como for, a oportunidade é boa para contar um episódio feliz ocorrido com outra peça a respeito de tragédias com "revolucionários", o Arena conta Danton que Cibele Forjaz encenou há alguns anos no Teatro da rua Teodoro Baima e que apresentou em mais algumas ocasiões. Uma dessas ocasiões foi uma apresentação ao ar livre, salvo engano nas escadarias do Theatro Municipal durante uma das Viradas Culturais. E a certa altura da montagem encenava-se a decapitação de Danton e outros colegas de infortúnio, momento em que os atores punham as cabeças numa guilhotina cenográfica. Seguia-se uma hábil troca e a guilhotina caia, na verdade "cortando" só algumas cabeças de bonecos. Mas a impressão visual da cena era das mais fortes.
Pois bem, nesta apresentação ao ar livre, na plateia, estava José Celso Martinez Correa que, num momento (a meu ver) luminoso de intuição, invadiu o espaço cênico, no instante exato em que a "decapitação" ia ocorrer e paralisou atores e cena, com muita calma e savoir faire, dizendo algo como "não, não, por favor, vamos parar com isso já, esse tempo já passou e hoje aqui ninguém vai decapitar ninguém...". E não permitiu que a "decapitação" fosse realizada!
Fica aqui o registro desse ato inspirado de Zé Celso que, para a sequência da peça, deve ter sido um desastre, mas para a sequência da vida, foi ótimo. Por que hoje, mais do que nunca, enquanto alguns ânimos acirrados pretendem resolver as próprias frustrações apostando no circo em chamas, é obrigação – creio – dos lúcidos que restam dizer, com todas as letras, que esse tempo já passou. E ainda bem!
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