O que acontece quando o lúdico some do campo
A agressão a Neymar ultrapassa o futebol. Entra-se na seara da cultura básica: os comportamentos de nossos dias. Onde o sentido do lúdico se perdeu. Onde o dinheiro fala tão alto que não se ouve mais a voz que lembra: é um jogo.
Nas vésperas do violento Brasil x Colômbia, o próprio Neymar respondeu – quando um jornalista perguntou onde estava a alegria do futebol brasileiro – que eles (a seleção) "não estavam ali para fazer todo mundo rir, mas para ganhar". Acrescentou que o que valia era ganhar, nem que fosse de meio a zero.
Bem, não foi outra lógica a do bruto Zuñiga, que declarou que o lance tinha sido "normal" (Deus meu!) e que ele estava ali para "defender a camisa" e "as cores" do país dele.
Mas do que é que ele estava falando? De guerra? Ou de jogo? Claro, quando os salários vão às dezenas de milhões, e quando estes, por sua vez, são uma fração do que se cobra pelos direitos de transmissão, tudo fica muito sério, não é? Vale chamar "as cores da bandeira" na conversa. Aí aparece a pátria de chuteiras, e outras pérolas do gênero.
Só que nessa base é impossível surgir Garrincha, surgir Pelé. Talentos que brotam da espontaneidade, de campinhos de várzea, de moleques pobres brincando com a bola. Brincando, dançando, driblando, sambando. É tudo o mesmo remelexo. O jogo, a arte, a ginga. Tudo a ver com fazer todo mundo rir. Nada a ver com joelhadas que fraturam vértebras. Tudo a ver com o que fomos. Nada a ver com aquilo em que querem nos transformar. Ou enfim: do Fla-Flu à FIFA, tem peladas mais gostosas que qualquer final.
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