Vinicius de Moraes (1913 – 1980)
Nascido no Bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes foi jornalista, dramaturgo, serviu por 26 anos como diplomata, mas acima de tudo foi um poeta que depois transitou para a música, como letrista e, em ocasiões, até como cantor. Talvez isso explique sua imensa popularidade. Vinicius de Moares escreveu desde cedo: a princípio foi inspirado pela formação cristã em versos longos, elegias, odes e sonetos, nas antípodas do modernismo. Foi a fase idealista, que durou até 1936, com o livro Ariana, a mulher. Vale lembrar a etimologia do nome “Ariana”, o nome quer dizer “a mais pura”. O livro Cinco elegias, de 1943, representa um momento de transição. Dali em diante Vinicius de Moares vale-se de seu domínio do idioma, que sempre foi notável, para celebrar a sensualidade da vida, especialmente numa série de sonetos que se tornariam famosos. Muitos versos viriam a ser musicados por grandes amigos do Poetinha, como o chamavam, qe ue se tornariam seus parceiros. Os mais conhecidos são Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra. Como esses sonetos são demasiado conhecidos e foram muito divulgados, tentaremos mostrar, esta semana, alguns versos talvez não tão conhecidos. Comecemos com o soneto O verbo no infinito.
Vinicius de Moraes
O verbo no infinito
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito…
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