Vinicius de Moraes (1913 – 1980)
Todo comentário sobre a obra poética de Vinicius de Moraes não tem como contornar a estreita ligação que existente entre os versos do Poetinha e a música, especialmente a Bossa Nova, na qual ele se integrou como poeta compositor. Isso, como já dissemos aqui, tem relação com a faceta poética mais conhecida de Vinicius, isto é, seu trabalho de sonetista. De fato o soneto já nasceu, no Século XIII, ligado à música. O próprio nome, de origem italiana, significava originalmente “pequena canção”, e a conexão dos sonetistas com os menestréis e instrumentistas antigos foi forte pelo menos até o Século XVII. Não admira então, que um talentoso sonetista, como Vinicius, também admirasse o grande poeta simbolista francês Paul Verlaine, célebre por seu verso “de la musique avant tout chose”, isto é, “antes de tudo, a música”. Então vamos ouvir um pequeno poema que Vinicius de Moraes escreveu no Rio de Janeiro, em 1954, dedicado e chamado... A Verlaine.
Vinicius de Moraes
A Verlaine
Em memória de uma poesia
Cuja iluminação maldita
Lembra a da estrela que medita
Sobre a putrefação do dia:
Verlaine, pobre alma sem rumo
Louco, sórdido, grande irmão
Do sangue do meu coração
Que te despreza e te compreende
Humildemente se desprende
Esta rosa para o teu túmulo.
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