Vasco Graça Moura tinha um senso do ritmo apurado e usava alusões galantes e imagens sensuais em seus poemas
Já comentamos a opulência dos vocábulos do poeta português Vasco Graça Moura, sempre a trovar palavras raras. A esse traço reunia-se um senso do ritmo apurado e, não raro, as alusões galantes e as imagens sensuais. No poema que leremos a seguir todas estas características estão presentes, em graus superlativo. Nos dois tercetos finais forma-se, ou melhor, insinua-se uma rima sofisticada, quando o som do termo “requebros”, num fim de verso, ecoa na palavra “febre” seguida pelo artigo “os”, mais adiante. Mas que a poesia fale por si mesma. Intitula-se Crônica Feminina.
Vasco Graça Moura
Crônica Feminina
estava nua, só um colar lhe dava
horizontes de incêndio sobre o peito,
a transmutar, num halo insatisfeito,
a rosa de rubis em quente lava.
estava nua e branca num estreito
lençol que o fim do sono desdobrava
e a noite era mais livre e a lua escrava
e o mais breve pretérito imperfeito
só o tempo verbal lhe fugiria,
no alongar dos gestos e requebros,
junto do espelho quando as aves vão.
toda a nudez, toda a nudez, toda a melancolia
a dor no mundo, a deslembrança, a febre, os
olhos rasos de água e solidão
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