Umberto Saba (1883 – 1957)
Já apresentamos aqui dois poemas do jornalista, crítico, romancista e, claro, poeta italiano Giovanni Papini, cuja trajetória foi da iconoclastia para a conversão ao cristianismo. Vamos ouvir também os versos de outro poeta, que conheceu Papini e foi estritamente contemporâneo dele: falamos de Umberto Saba, que nasceu em Trieste dois anos depois e inclusive morreu no ano seguinte à morte de Papini. Seu verdadeiro nome era Umberto Poli e o sobrenome fictício, Saba, foi uma homenagem aos antepassados judeus da mãe, pois “saba” em hebreu quer dizer “avô”. Usou o pseudônimo para titular seu primeiro livro de poesias, em 1911. É desta época o ensaio “Aquilo que resta a fazer aos poetas” no qual expôs as bases de sua estética, favorável a uma poesia capaz de exprimir com sinceridade e simplicidade a condição existencial do homem. Nela o mar aparece, entre outros temas, e amiúde, como símbolo da fuga da mediocridade e imagem de uma aventura da consciência. Vamos ouvir um exemplo, em tradução nossa, nos versos de Umberto Saba intitulados Ulisses.
Umberto Saba
Ulisses
Tradução de Fabio Malavoglia
Ulisse
Nella mia giovinezza ho navigato lungo le coste dalmate. Isolotti a fior d’onda emergevano, ove raro un uccello sostava intento a prede, coperti d’alghe, scivolosi, al sole belli come smeraldi. Quando l’alta marea e la notte li annullava, vele sottovento sbandavano più al largo, per fuggirne l’insidia. Oggi il mio regno è quella terra di nessuno. Il porto accende ad altri i suoi lumi; me al largo sospinge ancora il non domato spirito, e della vita il doloroso amore.
Ulisses
Na minha juventude naveguei pelas costas da Dalmácia. Ilhotas vindas à flor das ondas, onde raro um pássaro pousava atento à presa, cobertas de algas, resvalantes, belas ao sol como esmeraldas. Quando a maré alta e a noite as apagava, velas em contravento volteavam ao longe, para fugir-lhe à cilada. Hoje meu reino é aquela terra de ninguém. O porto acende a outros seus faróis; ao largo me induz ainda o não domado espírito, e da vida o doloroso amor.
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