San Juan de La Cruz (1542 - 1591)
Nesta semana acontece, no próximo dia 24, a Festa de São João, uma das mais tradicionais em países de tradição cristã, como Brasil, Portugal e Espanha. E foi justamente num 24 de junho de 1542, há 475 anos, que veio à luz na Península Ibérica, nos arredores da cidade de Ávila, em família modesta, um varão que se tornaria santo e poeta: São João da Cruz, ou como o chamam na Espanha, San Juan de La Cruz. Na célebre Universidade de Salamanca ele teve por professor Frei Luís de Leon, mestre de espírito livre e luminoso, estudioso do hebraico e do aramaico, que ousou violar leis da época para verter ao espanhol o Cântico dos Cânticos, um dos livros mais íntimos, digamos assim, do Antigo Testamento, cujo metáfora é a união total da Amada com seu Amado, imagem da ardente fusão da alma com seu Deus. San Juan de la Cruz retomou o tema no seu famoso Cântico Espiritual, escrito na prisão. São 40 estrofes, ou canções como as chama o autor, em forma de um diálogo apaixonado e arrebatado entre a Esposa e o Esposo. Vamos ler algumas dessas canções na excelente tradução de Marco Lucchesi, a começar das quatro estrofes iniciais: as três primeiras são palavras da Esposa e a quarta tem por título Pergunta às Criaturas.
San Juan de La Cruz
do Cântico Espiritual – canções entre a Alma e o Espírito / canções 1 a 4
Tradução de Marco Lucchesi
Esposa
¿Adónde te escondiste,
Amado, y me dejaste con gemido? Como el ciervo huiste,
habiéndome herido;
salí tras ti clamando, y ya eras ido.
Pastores, los que fuerdes
allá por las majadas al otero,
si por ventura vierdes
aquel que yo más quiero,
decidle que adolezco, peno y muero.
Buscando mis amores,
iré por esos montes y riberas;
ni cogeré las flores,
ni temeré las fieras,
y pasaré los fuertes y fronteras.
Pregunta a las Crtiaturas
Oh bosques y espesuras,
plantadas por mano del Amado!,
Oh prado de verduras,
de flores esmaltado!,
decid si por vosotros ha pasado.
Esposa
Onde é que te escondeste,
Amado, e me deixaste com gemido?
Como o cervo correste,
havendo-me ferido;
saí, clamei por ti, havias partido.
Pastores que subirdes,
além pelas malhadas ao outeiro,
se porventura, virdes
aquele a quem mais quero,
dizei-lhe que agonizo enquanto espero.
Buscando meus amores,
irei por esses montes e ribeiras;
não colherei as flores,
nem temerei as feras,
e passarei os fortes e as fronteiras.
Pergunta às Criaturas
Ó bosques e espessuras,
plantadas pela mão de meu Amado!
Ó prado de verduras,
de flores esmaltado,
dizei-me se passou por esse lado!
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