Sam Shepard (1943)
Neste 11 de julho festejam-se os quarenta anos da Cultura FM e por isso estamos lendo alguns poemas ou textos poéticos que tem em comum o fato de se referirem a este meio de comunicação, o rádio, aliás muito adequado como veículo da literatura. Tanto assim que muitos autores o incluíram em seus escritos. Entre eles o escritor, dramaturgo e ator norte-americano Sam Shepard, autor de 44 peças, como a conhecida Louco de Amor, vários livros de contos, ensaios e memórias. Sua obra mescla elementos surreais, humor negro e personagens que se movimentam nas franjas da sociedade americana. Em 1982 ele publicou um livro de memórias fragmentadas, intitulado Crônicas de Motel, espécie de antecipação do roteiro que escreveria, em parceria com Kit Carson, para o filme Paris, Texas de Wim Wenders. Nos breves textos, sem título, ele fala da infância, de casos ocorridos em ranchos, de músicos, enquanto perambula por motéis da Califórnia, do Texas, do Novo México ou de Wyoming. Num destes textos, escrito em dezembro de 1979 em Homestead Valley, localidade californiana, Sam Shepard contou a história de um guitarrista que não vivia sem o rádio. Vamos ouvi-la na tradução de Bettina Becker para a edição brasileira de 1984, da L&PM.
Sam Shepard (1943)
Crônicas de Motel / crônica de 22/12/79, Homestead Valley, California
Tradução de Bettina Becker
"I knew a guitar player who called the radio "friendly." He felt a kinship not with the music so much as with the radio's voice. Its synthetic quality. Its voice as distinct from the voices coming through it. Is ability to transmit the illusion of people at a great distance. He slept with the radio. He spoke with the radio. He disagreed with the radio. He believed in a Faraway Radio Land. He believed he would never find this land so he reconciled himself to listening to it only. He believed he'd been banned from Radio Land and was doomed to prowl the air waves forever, seeking some magic channel that would reinstate him to his long-lost heritage."
Crônicas de Motel
“Conheci um guitarrista que dizia que o rádio era “amigável”. Sentia uma afinidade, nem tanto pela música, mais pela voz do rádio. Sua qualidade sintética. Sua voz diferente das vozes transmitidas através dele. Sua habilidade de levar ao ar a ilusão das pessoas a uma grande distância. Ele dormia com o rádio. Falava com o rádio. Discordava do rádio. Acreditava numa Terra do Rádio Lá Longe. Acreditava que nunca encontraria esta terra, então se reconciliava consigo mesmo apenas ouvindo. Acreditava que tinha sido banido da Terra do Rádio e que foi destinado a procurar as ondas no ar para sempre, buscando algum canal mágico que o reintegrasse à sua herança perdida.”
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