As dubiedades tão caras ao poeta estão presentes: o que é, mas também não é; a ilusão do progresso que anula todo avanço, o mundo que oscila entre a sanidade e a enfermidade.
Na edição das Obras do poeta português Francisco Sá de Miranda, impressa em Lisboa, na Typografia Rollandiana, em 1784, “com licença da Real Mesa Censória” como diz o frontispício, foram inclusas não apenas suas cantigas, sonetos, redondilhas e sextinas, como também onze poesias, com 8 a 10 versos cada, reunidas sob o título de Esparsas. A sexta chama a atenção por seu clima de indefinições oníricas, se podemos assim dizer. As dubiedades tão caras ao poeta estão presentes: o que é, mas também não é; a ilusão do progresso que anula todo avanço, o mundo que oscila entre a sanidade e a enfermidade. Como o poeta morreu há 460 anos, isto é, na primeira alvorada do mundo moderno, e era um artista, isto é, uma “antena da raça” conforme a definição do poeta norte-americano Ezra Pound, pode ser que esses versos refiram-se, na verdade, ao caminho sinistro para o qual começava a se encaminhar o mundo ocidental. São percepções geralmente associadas ao modernismo, mas que alguns poetas, como ouviremos, anteciparam. Vamos então à sexta Poesia Esparsa de Sá de Miranda e suas palavras de aviso...
Sá de Miranda
das Poesias Esparsas - VI
Não vejo o rosto a ninguém,
cuidais que sou, e não sou.
Homens, que não vão, nem vêm,
parece que avante vão.
Entre o doente e o são
mente cada passo a espia;
e às horas do meio dia
andais entre o lobo e o cão.
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