Um poema suave, de sabor helenizante e que poderia perfeitamente ser o epitáfio do poeta
A crítica moderna nunca leu Ronald de Carvalho com muita benevolência. Bem compreensível, já que ele nunca adotou sem ressalvas o figurino modernista.
Nascido em 1893, de formação refinada, colou grau em Direito antes dos 20 anos, em 1912, e dois anos depois dava início à carreira de diplomata. No berço de seus primeiros livros de poesia estão o metro parnasiano e, sobretudo, o sonho simbolista. Isso não o impediu de se unir, em 1915, em Lisboa, ao escandaloso grupo de fundadores da revista Orpheu, pioneira do modernismo português onde escrevia ninguém menos que Fernando Pessoa.
Em 1919 lançou uma afortunada Pequena História da Literatura Brasileira, embebida de modernidades e precoce pan-americanismo. Em 1922 emprestou seu já grande prestígio à Semana de Arte Moderna, onde deu conferência e leu o poema Os Sapos, de Manuel Bandeira. Estava não só entre os mais cultos do grupo como entre os melhor sucedidos: publicou cinco livros de poesia e em 1934 tornou-se Chefe da Casa Civil de Getúlio Vargas.
Mas em 1935, um brusco acidente automobilístico truncou-lhe a vida e a obra, aos 41 anos de idade. Seu nome foi velozmente engavetado, mesmo porque seu verso teimava em certas elegâncias de Belle èpoque incompatíveis com a ideologia literária da época. Praticava, como disse Vinicius de Moraes, uma poesia de supercivilizado: perfumada, sutil, distante, au dessus de la melée.
O título de um de seus melhores livros já é um aviso: Epigramas irônicos e sentimentais. É deste livro que ouviremos um poema suave, de sabor helenizante e que poderia perfeitamente ser o epitáfio desse poeta.
Ronald de Carvalho: Sabedoria
Enquanto disputam os doutores gravemente
sobre a natureza
do bem e do mal, do erro e da verdade,
do consciente e do inconsciente;
enquanto disputam os doutores sutilíssimos,
aproveita o momento!
Faze da tua realidade
uma obra de beleza
Só uma vez amadurece,
efêmero imprudente,
o cacho de uvas que o acaso te oferece...
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