O poeta grita das profundezas de sua marginalidade mestiça nestes versos de dolorosa beleza
Augusto de Campos (foto) revelou o trabalho de Pedro Kilkerry no volume Revisão de Kilkerry, de 1970 (Imagem: Reprodução)
Vamos encerrar a série dedicada ao poeta simbolista Pedro Kilkerry, filho pródigo – ou prodígio – de um engenheiro irlandês e uma escrava alforriada, com aquele que talvez seja seu mais belo, e paradoxalmente, imprevisto poema, se pensamos num escritor nascido em 1885 e que morreu 5 anos antes da Semana de 22, em 1917.
Reconhecido por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e Luminosos, e revelado por Augusto de Campos no volume Revisão de Kilkerry, de 1970, para uma crítica atrasada no mínimo 50 anos, o poeta grita das profundezas de sua marginalidade mestiça, nestes versos de dolorosa beleza, também musicados por Cid Campos e cantados por Adriana Calcanhotto. Ouçamos primeiro este texto, que honra as letras brasileiras, e depois sua emocionante versão musicada.
Pedro Kilkerry: O Verme e a Estrela
Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus.
Mas, se cantar pudesse um verme,
eu cantaria a tua luz!
E eras assim... Por que não deste
um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
o céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! Enfim, por que não deste
somente um raio ao teu viver?
Olho, examino-me a epiderme,
olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! Ceguei da tua luz?
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