Mais um exemplo de sua escrita desafiadora, de tintas inesperadas e contrastes nítidos
Nos 32 anos exatos que separam o 25 de março de 1885 da mesma data em 1917, transcorreu a vida de Pedro Militão Kilkerry, morto depois de uma vida de pobre, boêmio, tuberculoso e poeta. Foi, para alguns, o mais radical e moderno poeta simbolista brasileiro. Era mestiço, filho do engenheiro irlandês John Kilkerry, da Bahia Gás Company Limited, e de Salustiana do Sacramento Lima, escrava alforriada.
Pedro nasceu em Salvador, estudou Direito na Bahia, nunca editou um livro. Os poucos poemas que vieram a público apareceram na precária imprensa do tempo, principalmente em duas revistas simbolistas: Os Anais e Nova Cruzada. Entre os primeiros que bradaram por seu reconhecimento está Jackson de Figueiredo, num volume cujo título diz muito: Humilhados e Luminosos. Seus manuscritos foram enfim reunidos por Augusto de Campos, que em 1970 lançou o livro Revisão de Kilkerry e consolidou o valor de sua obra. Ouçamos mais um exemplo de sua escrita desafiadora, de tintas inesperadas e contrastes nítidos.
Pedro Kilkerry: Floresta morta
Por que, à luz de um sol de primavera
Uma floresta morta? Um passarinho
Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera
Abrigo e pouso e que lhe guarda o ninho.
Nem vale, agora, a mesma vida, que era
Como a doçura quente de um carinho,
E onde flores abriram, vai a fera
— Vidrado o olhar — lá vai pelo caminho.
Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro,
Inda banhada pela mesma vida!
Floresta morta a mesma cousa lembro;
Sob outro céu assim, que pouco importa,
Abrigo à fera, mas, da ave fugida,
Há no meu peito uma floresta morta.
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