Olegário Mariano (1889 – 1958)
Os versos de Olegário Mariano destacam, entre seus fios condutores, a imagem da cigarra, metáfora do próprio poeta. A referência remete tanto à qualidade musical que emerge na lírica do poeta, quanto a uma herança que ascende até os autores da Arcádia, no século XVIII, isto é, a presença da natureza, que por sua vez tem um fundo nacionalista. Pois num país como o Brasil, antes da aceleração da urbanização, em fins do século XIX, a opulência da paisagem não tinha como não se impor, por assim dizer, a todos os seus habitantes. E na alvorada do século XX a voz poética da nação trazia, gravada em timbres melancólicos e melódicos, a nostalgia das florestas. É isso que cantam as cigarras de Olegário Mariano, é disso que falam muitos versos seus. Ouçamos um soneto entremeado de palavras arcádicas e magníficas. A cigarra, “que despertava o dia”, já extinguiu a breve duração de sua vida. Mas seu canto ainda ecoa e emoldura em ouro e rosa a paisagem, O poema chama-se A voz que se calou.
Olegário Mariano
A voz que se calou
Junho. A primeira crispação nervosa
Do inverno toca as árvores douradas:
Desenrolam-se, no alto, as madrugadas
Cor-de-rosa em montanhas cor-de-rosa...
No coração da mata silenciosa,
Cruzam-se as melancólicas estradas.
E apascentando ovelhas tresmalhadas.
Canta o vento à flor d’água misteriosa...
Esse canto é de dor ou de alegria?
É de saudade, é de melancolia,
Porque lhe falta o grito alucinado
Daquela voz que despertava o dia;
Avena de um pastor apaixonado
Que morreu sem saber por que morria.
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