O poema se vale do embate entre prazer e dor, uma das antíteses entre as quais se estendeu a obra poética de Michelangelo
Como em muitos artistas, a personalidade e a criação de Michelangelo Buonarroti são difíceis de caber numa única etiqueta. Aqui falamos da tensão entre as volúpias de Sodoma e a fé cristã, mas o poema que leremos hoje, Questa mia Donna, evidentemente tem outro ponto de partida. Mas não deixa de se valer das antíteses entre as quais amiúde se estendeu sua obra poética.
Nestes versos, o embate se dá entre prazer e dor. O madrigal que leremos é uma tradução nossa, e o título, como no original em italiano, ou melhor ainda, em toscano arcaico, é formado pelas primeiras palavras do primeiro verso.
Michelangelo Buonarroti: Tanto essa dona...
(Tradução: Fábio Malavoglia)
Questa mie donna...
Questa mie donna è si pronta e ardita,
c’allor che la m’ancide ogni mio bene
cogli occhi mi promette, e parte tiene
il crudel ferro dentro a la ferita.
E cosí morte e vita,
contrarie, insieme in um picciol momento
dentro a l’anima sento;
ma la grazia il tormento
da me discaccia per più lunga pruova:
c’assai più nuoce il mal che l’bem non giova
Tanto essa dona...
Tanto essa dona é atirada e ardente
que ao matar em mim toda ventura
com olhos me promete, e a mão segura
o ferro na ferida cruelmente.
Assim morto e vivente,
contrários, juntos por breve momento
a minha alma os sente;
mas tal graça o tormento
de mim expulsa para mais longa prova:
pois mais nocivo o mal sem bem a si renova.
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