Mia Couto (1955)
O poeta moçambicano Mia Couto é dos mais ativos representantes da cultura de seu país e as tradições, modos de fala e de vida dos povos de Moçambique constituem a matéria mesma de boa parte de seus versos. Mia Couto apoiou o movimento moçambicano de independência mas, mais do que uma identidade política, pode-se dizer que sua poesia olha para um sentimento de fraternidade humana. O poema que leremos a seguir intitula-se Companheiros, palavra que já traz em si muitas conotações sociais mas que, neste caso, encontra melhor moldura em seu sentido etimológico pois “companheiros” vem do latim “cum panis”, isto é “com o pão”, de modo que “companheiros” seriam, a rigor, aqueles que compartilham o pão.
Mia Couto
Companheiros
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
companheiros
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