Mário Faustino dos Santos e Silva nasceu em Teresina, no Piauí, e cedo revelou incomum talento nas letras.
Mário Faustino dos Santos e Silva nasceu em Teresina, no Piauí, e cedo revelou incomum talento nas letras. Aos 17 anos já era redator e cronista do jornal “A Província do Pará”, de Belém, para onde mudara na infância. Com 19 estava na chefis de redação da “Folha do Norte”, onde publicou seus primeiros poemas e traduções de poetas estrangeiros. Entre 1951 e 53, com bolsa de estudos, frequentou os cursos de literatura do Pomona College, nos Estados Unidos. Em 1955 publicou seu primeiro e único livro, O Homem e sua Hora. Mudou para o Rio no ano seguinte e, no Jornal do Brasil, ganhou fama com a coluna “Poesia-Experiência”, entre 1956 e 59. Nesses breves ensaios apresentou os grandes nomes da modernidade poética – Baudelaire, Dickinson, Rimbaud, Pound – e discutiu a poesia brasileira. Morreu precocemente num desastre aéreo, aos 32 anos, em 1962, no Peru. Devido a seu saber enciclopédico, as poesias de Mário Faustino tem sabor clássico. Lia gregos e latinos, além dos grandes modernos e dos então jovens e ousados concretos. Como ocorre amiúde com os tocados pela Musa, seu senso rítmico é admirável. Tomemos como exemplo o poema O mundo que eu venci deu-me um Amor.
Mário Faustino
O mundo que eu venci deu-me um Amor
O mundo que eu venci deu-me um amor,
Um troféu perigoso, este cavalo
Carregado de infantes couraçados.
O mundo que venci deu-me um amor
Alado galopando em céus irados,
Por cima de qualquer muro de credo.
Por cima de qualquer fosso de sexo.
O mundo que venci deu-me um amor
Amor feito de insulto e pranto e riso,
Amor que força as portas dos infernos,
Amor que galga o cume ao paraíso.
Amor que dorme e treme. Que desperta
E torna contra mim, e me devora
E me rumina em cantos de vitória...
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