Manuel Bandeira (1886 - 1968)
Muitos críticos já notaram o mau ajuste, digamos assim, da obra do pernambucano Manuel Bandeira dentro da ideologia de ruptura a qualquer custo que caracterizou se não todo, ao menos boa parte do modernismo. Bandeira era contemporâneo dos modernos, teve boas relações com eles, mas jamais assumiu para si a obsessão com o novo que marcava a batalha doutrinal e estética dos autores de sua geração. No seu verso era o lirismo quem mandava, acima de qualquer teorização, pois era um poeta que se abandonava à poesia, fundia-se nela e deixava-a, por assim dizer, dirigir suas palavras. O poema que apresentaremos, nesta série de vésperas de Natal, é não só um exemplo deste predomínio da Musa, que evidentemente afasta Manuel Bandeira dos modernistas e enraíza sua poesia na antiguidade, como demonstra que esta postura poética tem óbvia relação com a espiritualidade. O tema dos versos ecoa, portanto e não por acaso, os grandes livros sagrados, o Tao, os Vedas, o Corão, a Torá, os Evangelhos. O nome do poema, que também foi musicado pelo cantor e compositor Walter Franco, é Ubiqüidade.
Manuel Bandeira
Ubiqüidade
Estás em tudo que penso,
Estás em quanto imagino;
Estás no horizonte imenso,
Estás no grão pequenino.
Estás na ovelha que pasce,
Estás no rio que corre:
Estás em tudo que nasce,
Estás em tudo que morre.
Em tudo estás, nem repousas,
Ó ser tão mesmo e diverso!
(Eras no início das coisas,
Serás no fim do universo).
Estás na alma e nos sentidos
Estás no espírito, estás
Na letra, e, os tempos cumpridos,
No céu, no céu estarás.
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