Manuel Bandeira (1886 – 1968)
A religiosidade tem grande peso na obra do poeta, tradutor, crítico e professor pernambucano Manuel Bandeira, seja por sua formação católica, seja por sua empatia com a cultura popular e o drama cotidiano da vida humana. E já foi observado que a religião, em Bandeira, é vizinha do que é afetivo e cordial no modo de ser dos brasileiros. Mas daí a imaginar que o poeta punha em questão os valores espirituais de que estava imbuído, vai a distância de supor um embate entre uma suposta “religião dos colonizadores” e outra, mais tropical, por assim dizer, que seria a “religião dos colonizados”. Essa dicotomia, embora existente em teses acadêmicas, tem porém o leve defeito de estar ausente dos versos que ele nos deixou. Sirva-nos de prova um dos poemas do livro Estrela da Manhã, de 1936, quando Manuel Bandeira estava em plena maturidade literária e estética. Tem por título, e por tema, um alto sentimento ancorado nas profundidades da religião antiga: aquela, que não faz distinções e nem sociologia. É uma pequena jóia rítmica e chama-se Contrição.
Manuel Bandeira
Contrição
Quero banhar-me nas águas límpidas
Quero banhar-me nas águas puras
Sou a mais baixa das criaturas
Me sinto sórdido
Confiei às feras as minhas lágrimas
Rolei de borco pelas calçadas
Cobri meu rosto de bofetadas
Meu Deus valei-me
Vozes da infância contai a história
Da vida boa que nunca veio
E eu caia ouvindo-a no calmo seio
Da eternidade.
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