Manuel Bandeira (1886 – 1968)
O poeta, tradutor, crítico e professor Manuel Bandeira enfrentou a tuberculose e, depois disso, viveu boa parte da vida na iminência da morte. Este sentimento contaminou seus versos, tão amiúde melancólicos, pontilhados de desalento, tristeza, solidão e desamor. Foi o próprio Bandeira quem escreveu: “...no fundo sou apenas... um poeta menor, que há uns cinquenta anos não faz outra coisa senão esperar a morte, cantando as grandes tristezas e as pequenas alegrias que a vida lhe tem proporcionado”. Vamos ouvir alguns versos escritos em 1911 mas publicados só em 17, no primeiro livro do autor, A Cinza das Horas. Já expressavam os dilemas de vida e morte, encontro e desencontro, paixão e desilusão, que acompanhariam toda a existência do poeta. O poema intitula-se Chama e Fumo.
Manuel Bandeira
Chama e Fumo
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa…
Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimando o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa…
Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor – chama, e, depois, fumaça…
A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa…
Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linha a arder!
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Porquanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?…),
O fumo vem, a chama passa…
A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas… tem de ser…
Amor?… – chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa…
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
Com curadoria de Joca Reiners Terron, o objetivo é criar narrativas orais de modo itinerante
A exposição conta com Mais de 1600 sobrenomes de descendentes de imigrantes, que foram captados em uma ação interativa em 2019
A cantora e compositora Ceumar realiza show para celebrar o lançamento do disco e os 20 anos de carreira
"DOC.malcriadas", criada e dirigida por Lee Taylor, estreia nesta sexta-feira no Teatro João Caetano. Confira entrevista completa
Na capital paulista, existem diversos desfiles e blocos para aproveitar o feriado
A mudança acontece por conta da junção da galeria com o b_arco Centro Cultural, e conta com a curadoria de Renato De Cara