Além de textos de maior fôlego, o poeta Manoel de Barros também enveredou pela construção de séries poéticas,
Em 1975 Manoel de Barros lançou o livro de poemas Matéria da Poesia. Além de textos de maior fôlego, o poeta também enveredou pela construção de séries poéticas, isto é, sucessões de breves poemas ao redor de um mesmo tema. É o caso da série Passeios, da qual selecionamos três exemplares, de números 2 a 4. São andanças que percorrem, mais que lugares físicos, paisagens da linguagem. Ouçamos então estes três Passeios.
Manoel de Barros
Passeios n° 2
Um homem (sozinho como um pente) foi visto da varanda pelos tontos
Na voz ia nascendo uma árvore
Aberto era seu rosto como um terreno
Manoel de Barros
Passeios n° 3
Raízes de sabiá e musgo
subindo pelas paredes
Não era normal
o que tinha de lagartixa na palavra paredes
Manoel de Barros
Passeios n° 4
O homem se olhou: só o seu lado de fora subindo a ladeira...
Caminhos que o diabo não amassou – disse.
Atrasou o relógio.
Viu um pouco de mato invadindo as ruínas de sua boca!
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