Poemas herméticos: Louis Cattiaux (1904 – 1953)
Genio ignorado em seu tempo, mas cuja obra hoje é venerada em círculos de estudos na Bélgica, França, Espanha, Itália, Brasil e outros países, o pintor, poeta e sobretudo hermetista francês Louis Cattiaux foi talvez o último artista antigo da história. De fato, apesar de ter vivido na primeira metade do Século XX, sua inspiração e principalmente, sua intimidade, se deu com as Musas, essa realidade que, desde o Romantismo, tinha sido encarada como uma espécie de fantasia abstrata e relegada às aulas de história de literatura e aos sorrisos de superioridade dos ignorantes. Cattiaux, porém, não precisou consultar enciclopédias para saber se as Musas existiam de fato, pois a base de sua obra foi a experiência palpável. Pintor extraordinário, afirmou ter recuperado os segredos dos célebres irmãos Van Eyck, pintores do século XV, de modo que seus quadros, não apenas não desbotam, mas vibram perceptivalmente vivos. A esse propósito nos legou também um livro revelador: Física e Metafísica da Pintura. Poeta tocado, deixou em versos o testemunho de seu contato pessoal com o fundamento de toda existência. Mas além e acima de tudo isso, tendo chegado a tal fundamento, transcendeu toda forma de expressão pessoal e, no trabalho incessante dos últimos 12 anos de vida, escreveu os mais de cinco mil versículos que compõem o livro A Mensagem Reencontrada, monumento do e ao hermetismo contemporâneo e reafirmação veemente, em palavras novas, da Sabedoria e da Revelação ancestral, a “Sofia perennis” dos antigos. Comecemos a apresentá-lo com versos onde sua poesia e sua pintura se encontram, e que se tornam mais impressionantes quando lembramos que – vale repetir – Cattiaux fala a partir da sua vivêrncia, não de teorias. O nome do poema é O Esquecimento de Si.
Louis Cattiaux (1904 – 1953)
O Esquecimento de Si
Tradução de Fabio Malavoglia
L’Oubli de soi
Quand il eut terminé le portrait de l’ami,
le peintre se leva et contempla longtemps
le mystère vivant de sa propre magie,
qu’animaient le nombre, l’espace et le temps.
Mais devant les couleurs où palpitait la vie,
l’artiste fasciné par les yeux miroitants,
recula jusqu’au mur où s’estompait la nuit,
et traversa la pierre, sans savoir comment.
O esquecimento de si
Quando deu por terminado o retrato do amigo
o pintor levantou-se e contemplou longamente
o mistério vivente de sua própria magia
que animava o número, o espaço e o tempo.
Mas diante das cores onde palpitava a vida
o artista fascinado pelos olhos rutilantes
recuou até o muro onde se enevoava a noite
e atravessou a pedra, sem saber como.
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