Louis Cattiaux (1904 – 1953)
É extremamente difícil dar uma ideia, mesmo aproximada, de quem foi Louis Cattiaux, que seu amigo, o famoso escritor surrealista Jean Rousselot chamou de pintor, poeta, vidente, quiromante, curandeiro e sábio. E não deixa de ser um exemplo de ironia divina o fato que um homem como esse viesse a público justamente em Paris, isto é, na capital de todos os intelectualismos. De fato, embora seus quadros, seus textos sobre arte e seus poemas pareçam animados por um segredo vivo, não passam de preâmbulos à sua Grande Obra, no sentido tradicional dessa expressão, que é o livro A Mensagem Reencontrada. Como esta semana está em São Paulo um dos grandes estudiosos da obra de Cattiaux, o professor catalão Pere Sanchez Ferrè, o melhor seria ir ouvi-lo. Da nossa parte, encontramos um poema que quase inacreditável, se pensarmos que de fato expressa a realidade do autor. Não há grandes criações estruturais, revoluções de linguagem ou truques de qualquer espécie, mas o que os versos dizem, na sua nudez, permite vislumbrar o coração do “poeta louco e santo que ouve Deus e que o traduz”, para usarmos palavras que Cattiaux escreveu em sua Mensagem. O nome do poema, em tradução nossa, é muito adequado: Aos Homens.
Louis Cattiaux
Aos Homens
Tradução Fabio Malavoglia
Aux Hommes Comme je les contemplais à travers ma joie nouvelle, ils me parurent si passionnants et si beaux, que je courus les embrasser sans retard; et les injures et les coups reçus en échange ne pouvaient entamer ma certitude immense.. |
Aos Homens Como eu os contemplava através de minha alegria nova, eles me pareceram tão apaixonantes e tão belos, que corri a abraçá-los sem demora; e as injúrias e os golpes recebidos em troca não puderam abalar minha certeza imensa. |
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