Precursor do modernismo, mas também nacionalista exaltado, Martí definia a literatura como “expressão e forma da vida de um povo” cuja poesia deveria ter “raiz na terra e base de fato real”.
A linguagem simbólica não foi nada comum na obra do poeta, ensaísta, jornalista e político cubano José Martí. Precursor do modernismo, mas também nacionalista exaltado, ele definia a literatura como “expressão e forma da vida de um povo” cuja poesia deveria ter “raiz na terra e base de fato real”. Tais premissas realistas, por assim dizer, são antipáticas à metáfora. Mas há uma bela exceção, talvez involuntária, na obra de Martí: o poema La perla de la mora, que nada diz da vida de povo algum e não tem base nisso que é chamado de “fato real”. Porém, uma moura e sua pérola rosada formam uma parelha muito interessante, de um ponto de vista mais profundo. E o mar onde tal pérola é desprezada não parece ser outro senão aquele mesmo, onde vivemos imersos, todos os dias de nossa vida. Prestemos atenção, também, ao pedido final do poema. Na verdade essa queixa está todos os dias na boca dos mortais, pois é o único remédio para sua sombria condição. E agora ouçamos, em bela tradução de Osvaldo Orico, os versos de A pérola da moura.
José Martí
A pérola da moura
tradução de Osvaldo Orico
La perla de la mora
Una mora de Trípoli tenía
Una perla rosada, una gran perla:
Y la echó con desdén al mar un día:
"¡Siempre la misma! ¡ya me cansa verla!"
Pocos años después, junto a la roca
De Trípoli... ¡la gente llora al verla!
Así le dice al mar la mora loca:
"¡Oh mar! ¡oh mar! ¡devúelveme mi perla!"
A pérola da moura
Certa moura de Tripoli possuía
uma formosa pérola rosada,
e, com desdém, jogou-a ao mar, um dia:
“Ah! Sempre a mesma! Dela estou cansada!”
Muitos anos depois, naquelas fráguas
de Tripoli, fitando a margem quérula,
a moura louca se dirige às águas:
“Ó mar, ó mar, devolve-me essa pérola!”
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