Jorge Luís Borges (1899 – 1986)
Já publicamos aqui a hipótese do poeta argentino Jorge Luis Borges não ser, no que pese o decorrer de sua vida no Século XX, um autor moderno, mas sim um ancestral fazedor de versos nascido, por algum equívoco ou ironia divina, numa época banal. Façamos entretanto um reparo à ideia que, como certas mulheres, apesar de charmosa, é infiel. O mais preciso, de fato, é chamar Borges não de poeta antigo, mas sim eterno: fala a todos os homens, de todos os tempos. É diferença pouca porém, pois os aedos e bardos do passado também aspiraram Deus. E até no recente barroco houve os que mirassem além do tempo, como Luís de Góngora, autor de versos labirínticos, esplendorosamente rebuscados, exemplos tão refinados de maneirismo que geraram, do nome do autor, um substantivo: gongorismo. E nada poderia ser mais avesso aos modernistas e sua vasta descendência. Só que a poesia fundamental tem poder de apagar o tempo, e Jorge Luís Borges rende tributo a esse refinado artesão do castelhano, dando inclusive o nome do poeta aos versos que ouviremos a seguir. E mais que isso: assim como já tivemos aqui a tradução do poema ancestral Islândia, de Borges, feita por um herdeiro das vanguardas, Ferreira Gullar, ouviremos agora a tradução do poema Góngora feita por outro, Augusto de Campos. Pois a poesia tem outro poder: ela nos irmana, a todos.
Jorge Luís Borges
Gôngora
tradução de Augusto de Campos
Góngora
Marte, la guerra. Febo, el sol. Neptuno,
De mi despierto corazón. El hado
Virgilio y el latín. Hice que cada
Veo en el tiempo que huye una saeta
¿Qué me importan las befas o el renombre?
Quiero volver a las comunes cosas: |
Gôngora
Marte, por guerra. Febo, o sol. Netuno,
Do meu desperto coração. Meu fado
Virgílio e o latim. Fiz com que cada
No tempo, que se vai, vejo uma seta
Que me importam a mofa ou o renome?
Quero volver às coisas como são: |
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