João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999)
Crentes no poder mágico e operativo da poesia, leremos, na modéstia de nossas possibilidades, em dias de jogo na Copa do Mundo, versos dedicados a nosso futebol por alguns de nossos maiores poetas. É o caso de João Cabral de Melo Neto, que amava o esporte e chegou a jogar no meio-campo do time juvenil do Santa Cruz. Assim, em seu livro Museu de Tudo, coletânea de 1975, quatro poemas falam de futebol. Em termos de linguagem a tentativa de João Cabral foi traduzir em palavras os ritmos e gingas da era de ouro de nossos craques, da qual foi testemunha, já que entre as Copas de 1958 e 1970 o poeta passou dos 38 aos 50 anos de idade, em pleno domínio de sua capacidade de formatar em versos os sortilégios da bola. Ouçamos mais um exemplo deste jogo verbolúdico, por assim dizer, nas conotações eróticas do poema O futebol brasileiro evocado da Europa.
João Cabral de Melo Neto
O futebol brasileiro evocado da Europa
A bola não é a inimiga
como o touro, numa corrida;
e, embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão.
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