Homero (ca. Sec. VIII A. C.)
AOdisséia – poema épico atribuído a Homero sobre as aventuras de Ulisses no caminho de volta para seu lar, a ilha de Ítaca, onde é rei – também pode ser vista como uma exaltação das leis da hospitalidade, sagradas em todas as civilizações tradicionais. Os que as desrespeitam, como anfitriões ou como hóspedes, encontram destino funesto. Os que as honram tem os nomes cantados pelos poetas. Assim Polifemo, o ciclope que devora seus hóspedes, termina cego, enquanto Alcínoo, rei dos feácios, que ajuda Ulisses a voltar para casa, é louvado. Mas quando o herói chega enfim a Ítaca enfrenta uma abominação: durante sua ausência de 20 anos um número crescente de guerreiros se dirigiu ao palácio real a fim de exigir a mão da rainha Penélope, suposta viúva. Acolhidos pelas leis da hospitalidade, esses pretendentes acabam, aos poucos, por abusar da confiança e dignidade de sua anfitriã e do príncipe Telêmaco. Instalaram-se na casa, onde devoram mantimentos e riquezas, tramam a morte do príncipe, seduzem criadas e constrangem a rainha a escolher um deles como marido. Ulisses, o astuto, se disfarça, toma pé da situação e, com ajuda do filho, de criados fiéis e de sua protetora, a deusa Palas Atena, prepara um ardil fatal. Os pretendentes são atraídos a um banquete, sem armas, encurralados diante de Ulisses que tem em mãos seu infalível arco. Todos serão exterminados, bem como as criadas infiéis, que tinham agido como cortesãs. Aliás há pouco uma diretora teatral conhecida, ao falar dessa passagem, usou a palavra “feminicídio”, o que é um equívoco total. O fato do extermínio ocorrer, conforme dizem os próprios versos de Homero, no dia de Apolo (não por acaso 25 de dezembro) torna evidente que o poema se refere, com palavras encobertas, não a fatos históricos, mas a algo completamente diverso que se não for completamente eliminado impede a verdadeira felicidade. Ouçamos, portanto, as duras e profundas palavras que Ulisses, arco na mão, dirige a seus inimigos, antes do disparo das flechas. São osversos 35 a 41 do Canto XXII da Odisséia, em tradução de Carlos Alberto Nunes.
Homero (ca. Sec. VIII A. C.)
Odisséia – Canto XXII – versos 35 a 41
tradução de Carlos Alberto Nunes
ὦ κύνες, οὔ μ᾽ ἔτ᾽ ἐφάσκεθ᾽ ὑπότροπον οἴκαδ᾽ ἱκέσθαιδήμου ἄπο Τρώων, ὅτι μοι κατεκείρετε οἶκον, δμῳῇσιν δὲ γυναιξὶ παρευνάζεσθε βιαίως, αὐτοῦ τε ζώοντος ὑπεμνάασθε γυναῖκα, οὔτε θεοὺς δείσαντες, οἳ οὐρανὸν εὐρὺν ἔχουσιν, 40οὔτε τιν᾽ ἀνθρώπων νέμεσιν κατόπισθεν ἔσεσθαι: νῦν ὑμῖν καὶ πᾶσιν ὀλέθρου πείρατ᾽ ἐφῆπται. |
“Cães, não pensáveis, decerto, que um dia voltar eu pudesse às minhas servas fazíeis violências sem conta, aqui dentro, e pretendíeis-me a esposa, apesar de que eu vivo estivesse, sem terdes medo dos deuses eternos que moram no Olimpo nem da vingança dos homens, que um dia pudesse alcançar-vos. Sobre vós todos, agora, já impendem as malhas da Morte.”, |
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