Giovanni Papini (1881 – 1956)
O jornalista, crítico, romancista e poeta italiano Giovanni Papini passou da iconoclastia anti-tradicional, que o tornara famoso já nas primeiras décadas do século XX, para a postura de um converso à fé cristã e católica. Não admira que tenha notado a faceta poética da vida dos camponeses, mas isso não se deve apenas à simplicidade desse modo de viver. Pois a agricultura é um ofício milenar, profundamente ligado à observação da natureza, em seu sentido profundo. O ciclo básico é tão obvio e conhecido que podem passar despercebidas suas implicações filosóficas, digamos assim. Entretanto, são claras, ou seja, uma semente, seca e aparentemente morta, é deitada em terra lavrada e, após a única intervenção imprescindível, isto é, a da chuva que desce dos céus, a semente germina e pode se vir a ser, como dizem as Escrituras, “a maior de todas as árvores”. É a este ciclo que Papini alude, no poema que ouviremos a seguir, em tradução deste apresentador. Para a boa compreensão dos versos tenhamos em mente que junho e julho são, na Itália, os primeiros meses do verão, inicialmente chuvoso e ainda de águas frias, depois tórrido, momento da colheita. O poema chama-se A ceifada.
Giovanni Papini
A ceifada
Tradução de Fabio Malavoglia
La mietenda
Dopo un giugno di gelidi piovaschi il luglio oltrepotente brucia l'erba che rigogliava e fioriva superba nelle fondate de' più magri paschi.
Si salva all' ombra di fratta o di fossa l'aconito celeste e l'aquilegia, in alto, dove l'ultima ciliegia sopra l'ultimo ramo si fa rossa.
Il grano nella sua biondezza antica andante e secco chiede mietitura, ché in cima alla sua gracile statura porge ogni gambo una rigonfia spica.
Lo vagheggia la madre contadina ritta nell' ombra corta d'un fogliaio: “Quanto penare prima che il mugnaio gliela riporti in morbida farina!”
La cristiana alza gli occhi al sol feroce, poi guarda i figli grondanti, il marito gobbo nel solco, e col suo nero dito fa sopra il campo un gran segno di croce.
A ceifada
Horas de junho frígidas chuvosas que em julho ardente às ervas antes floridas e soberbas servas nos baixios do magro pasto tosa.
Salva na sombra que a recubra a flor azul que no bosque viceja, no alto, junto à última cereja sobre o último ramo se faz rubra.
O trigo na sua loura cor antiga pede a ceifa pois já seca e madura no topo de sua grácil estatura cada haste oferta a plena espiga.
E a mãe camponesa em si dizia ereta à curta sombra do viveiro: “Quanto penar antes que o moleiro o traga de volta em farinha macia!”
A cristã olha e vê: o fero sol reluz, mira os filhos suados, e o esposo curvo no sulco, e com dedo lodoso sobre o campo faz o grão sinal da cruz.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
Com curadoria de Joca Reiners Terron, o objetivo é criar narrativas orais de modo itinerante
A exposição conta com Mais de 1600 sobrenomes de descendentes de imigrantes, que foram captados em uma ação interativa em 2019
A cantora e compositora Ceumar realiza show para celebrar o lançamento do disco e os 20 anos de carreira
"DOC.malcriadas", criada e dirigida por Lee Taylor, estreia nesta sexta-feira no Teatro João Caetano. Confira entrevista completa
Na capital paulista, existem diversos desfiles e blocos para aproveitar o feriado
A mudança acontece por conta da junção da galeria com o b_arco Centro Cultural, e conta com a curadoria de Renato De Cara