Estes versos do renascentista, à falta de nome próprio, são indicados apenas pela palavra "vilancete", forma poética comum na península ibérica durante os século XV e XVI
Nesta semana estamos lendo poemas de Natal ou de inspiração religiosa. Começamos com Sophia de Mello Breyner Andresen, grande poetisa portuguesa do século XX. Mas é claro que o tema se estendeu por todos os séculos da Cristandade, como podemos ouvir, agora, em versos do renascentista Gil Vicente que, à falta de nome próprio, são indicados apenas pela palavra "vilancete", uma forma poética comum na península ibérica durante os século XV e XVI, não raro acompanha de música, o que a aparenta às tradições trovadorescas. O tema deste Vilancete de Gil Vicente é a adoração universal.
Gil Vicente: Vilancete
Adorai, montanhas,
o Deus das alturas,
também das verduras.
Adorai, desertos
e serras floridas,
o Deus dos secretos,
o Senhor das vidas.
Ribeiras crescidas
louvai nas alturas
o Deus das criaturas.
Louvai arvoredos
de fruto prezado,
digam os penedos:
Deus seja louvado!
E louve meu gado,
nestas verduras,
o Deus das alturas.
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