Ferreira Gullar (1930 – 2016)
O poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor e ensaista brasileiro José Ribamar Ferreira, muito mais conhecido como Ferreira Gullar, foi um apaixonado por futebol desde a infância, em São Luis do Maranhão. O pai do poeta era amigo do centro-avante Newton Ferreira, conhecido jogador das décadas de 1920 e 30, que levou o menino aos primeiros jogos e seria depois citado no Poema Sujo do próprio Gullar. Ainda garoto o futuro poeta jogava na rua com ninguém menos que José Ribamar de Oliveira, o Canhoteiro, temível ponta-esquerda que esteve no São Paulo e na Seleção Brasileira. E desde cedo, mesmo antes de vir para o Rio, Gullar foi vascaíno, ouvindo jogos pelo rádio com o pai e dando as cores do clube carioca ao seu time de futebol de botão. A paixão da infância o acompanhou na vida adulta, no Rio de Janeiro, a partir da década de 1950, quando o Maracanã era ainda uma construção recente. Segundo depoimento do próprio Ferreira Gullar foi por causa do jornalista Elio Gaspari que ele chegou a escrever um poema sobre o esporte nacional. Gaspari queria publicar um artigo sobre futebol intercalado poor versos e pediu alguns a Gullar que pensou em falar do momento mais decisivo de uma partida. E assim nasceu o poema O Gol que ouviremos a seguir.
Ferreira Gullar
O Gol
A esfera desce
do espaço
veloz
ele a apara
no peito
e a para
no ar
depois
com o joelho
a dispõe à meia altura
onde
iluminada
a esfera
espera
o chute que
num relâmpago
a dispara
na direção
do nosso
coração.
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