Fernando Pessoa (1888 - 1935)
Falemos brevemente de um poeta imenso, um criador de múltiplas faces, uma das quais muito mística, que levou a estudos esotéricos que se estenderam por anos: é Fernando Pessoa. No único livro que publicou em vida, Mensagem, ele celebrou a antiga grandeza de Portugal, de cujos portos tinham partido as Grandes Navegações dos séculos XIV e XV. O vigor da recordação tem, porém, uma meta mais alta: vaticinar a retomada da antiga glória, e é por isso que Pessoa abraça o sebastianismo, isto é, o mito do Retorno do Rei como símbolo da regeneração à qual aspira. Não esquece, naturalmente, que as naus lusitanas levavam a Cruz da Ordem do Templo em suas velas. Tudo isto está presente nos versos que selecionados para esta véspera de Natal, os do terceiro poema da segunda parte de Mensagem, chamada Mar Português. O poema chama-se Padrão, nome do marco de pedra com o brasão da coroa que os navegadores portugueses deixavam nas terras descobertas. Quem fala é Diogo Cão, primeiro capitão real a alcançar o Reino do Congo e instituidor do uso de tais padrões.
Fernando Pessoa
De “MENSAGEM”: Segunda parte: MAR PORTUGUÊS: III. Padrão
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
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