O poema começa naquilo que aparentemente é um hotel comum, mas onde logo surgem alusões inquietantes
Já falamos das duas faces da poetisa norte-americana Emily Dickinson, uma delas selvagem e a outra serena. Na primeira encontra-se uma poesia da crueldade, se podemos assim dizer, tocada pelo sinistro e por uma bizarra gramática. Na segunda, versos decadentistas tardo-românticos. Mas é a face terrível que fascinou os modernos, ainda mais sublinhada pela incomum biografia de Emily que passou a vida reclusa em sua casa de Amherst e só publicou, anônimos, 8 das mais de 1.700 poesias que deixou.
Sintamos, por exemplo, as trevas do poema a seguir, que começa naquilo que aparentemente é um hotel comum, mas onde logo surgem alusões inquietantes: não há criados, não há calor, não há bebida, e repentinamente o hospedeiro se revela um outro ser. Em tradução da jornalista e poetisa paulista Idelma Ribeiro de Faria ouçamos o texto, extraídos da edição da quarta parte dos Complet Poems de 1924, Tempo e Eternidade. É o Poema LXXIV, que podemos chamar, conforme seu primeiro verso, Que hotel é este?.
Emily Dickinson: Que hotel é este?
(Tradução: Idelma Ribeiro de Faria)
What Inn is this?
What inn is this
Where for the night
Peculiar traveller comes?
Who is the landlord?
Where the maids?
Behold, what curious rooms!
No ruddy fires on the hearth,
No brimming tankards flow.
Necromancer, landlord,
Who are these below?
Que hotel é este?
Que hotel é este
Onde pela noite
Chegam estranhos viajantes?
Quem é o dono?
Onde os criados?
Vejam, que aposentos intrigantes!
Não há calor no fogão,
Nem canecas transbordantes.
Hospedeiro, necromante,
Esses embaixo quem são?
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