O poema que leremos a seguir é ambientado na famosa Port of Spain.
Dissemos aqui que o poeta caribenho de língua inglesa Derek Walcott dedicou muitos de seus versos às suas paisagens natais, nas Antilhas. Walcott, que recebeu o Nobel de Literatura em 1992 e morreu em 17 de março de 2017, aos 87 anos, nasceu na ilha de Santa Lucia, perto da Martinica e de Barbados, e esteve muitas vezes nas ilhas de Trinidad e Tobago. O poema que leremos a seguir é ambientado em uma das cidades dessa pequena república, a famosa Port of Spain. Notam-se, nele, a fascinação visual que Walcott sentia por essa região do mundo, e o erotismo de suas palavras, que evocam cheiros, temperaturas e luzes, e pulsam sensualmente. Ouçamos então, na tradução deste apresentador, Noite nos Jardins de Port of Spain.
Derek Walcott
Noite nos jardins de Port of Spain
tradução de Fabio Malavoglia
Night in the Gardens of Port of Spain
Night, the black summer, simplifies her smells
into a village; she assumes the impenetrable
musk of the negro, grows secret as sweat,
her alleys odorous with shucked oyster shells,
coals of gold oranges, braziers of melon.
Commerce and tambourines increase her heat.
Hellfire or the whorehouse: crossing Park Street,
a surf of sailor's faces crest, is gone
with the sea's phosphoresence; the boites-de-nuit
tinkle like fireflies in her thick hair.
Blinded by headlamps, deaf to taxi klaxons,
she lifts her face from the cheap, pitch oil flare
toward white stars, like cities, flashing neon,
burning to be the bitch she must become.
As daylight breaks the coolie turns his tumbril
of hacked, beheaded coconuts towards home.
Noite nos Jardins de Port of Spain
A noite, casaco escuro, resume seus odores
pelo vilarejo; ela adota o impenetrável
almíscar do negro, cresce secreta no suor,
as vielas cheiram a conchas de ostras abertas,
carvões de rubras laranjas, melões em braseiros.
As lojas e os tamborins a aquecem ainda mais.
O inferno ou a casa de tolerância: pela Rua do Parque
arrebenta uma onda de faces de marujos, e vai-se
com as fosforescências do mar; as casas noturnas
são pirilampos piscando nos cabelos dela.
Ofuscada de faróis, surda de buzinas de taxis,
ela ergue seu rosto da vagabunda lâmpada de parafina
para estrelas brancas, como cidades, de faiscante neon,
ardendo para ser a puta que ela deve se tornar.
Mal chega a luz do dia o chinês e seu carreto,
de furtados cocos degolados, toma o rumo de casa.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
Com curadoria de Joca Reiners Terron, o objetivo é criar narrativas orais de modo itinerante
A exposição conta com Mais de 1600 sobrenomes de descendentes de imigrantes, que foram captados em uma ação interativa em 2019
A cantora e compositora Ceumar realiza show para celebrar o lançamento do disco e os 20 anos de carreira
"DOC.malcriadas", criada e dirigida por Lee Taylor, estreia nesta sexta-feira no Teatro João Caetano. Confira entrevista completa
Na capital paulista, existem diversos desfiles e blocos para aproveitar o feriado
A mudança acontece por conta da junção da galeria com o b_arco Centro Cultural, e conta com a curadoria de Renato De Cara