Cruz e Souza (1861-1898)
Um dos maiores poetas brasileiros, e sem sombra de dúvidas, o pioneiro e maior dos nossos simbolistas, João da Cruz e Sousa nasceu na atual Florianópolis, filho de um pedreiro e uma lavadeira, ambos escravos alforriados do coronel Guilherme Xavier de Sousa, de quem o menino recebeu o sobrenome e a proteção. Foi graças a essa providencial proteção, aliás, que ele pode estudar no Ateneu Provincial Catarinense, de 1871 a 1875, onde aprendeu francês, inglês, latim, grego, matemática e ciências naturais. Aos oito anos, Cruz e Souza já recitava poesias, em homenagem a seu protetor. Ou seja, a força do verso abria caminho na voz do menino e se tornaria, de fato, a verdadeira protagonista de sua vida. Isto está diretamente relacionado a seu talento para as formas, com o qual dominaria os preciosismos parnasianos, e à sua sensibilidade para a música e o ritmo das palavras, que lhe permitiriam absorver o simbolismo a ponto de tornar-se o pioneiro e o maior poeta desta escola no Brasil e, segundo o crítico Roger Bastide, um dos maiores do mundo neste estilo. O fundamento da obra e do homem, portanto, era sua força espiritual, que é a melhor chave interpretativa da estética e da vida do poeta. Sirva-nos de exemplo o soneto Livre que só nessa perspectiva – sem exclusão de outras – pode ser bem entendido, pontilhado como é de referências aos “Dons que selam”, à “Infâmia Bifronte”, e às, por assim dizer, férias definitivas. Ouçamos as palavras e as rimas de João da Cruz e Souza.
Cruz e Souza
Livre
Livre! Ser livre da matéria escrava,
arrancar os grilhões que nos flagelam
e livre penetrar nos Dons que selam
a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.
Livre da humana, da terrestre bava
dos corações daninhos que regelam,
quando os nossos sentidos se rebelam
contra a Infâmia bifronte que deprava.
Livre! bem livre para andar mais puro,
mais junto à Natureza e mais seguro
do seu Amor, de todas as justiças.
Livre! para sentir a Natureza,
para gozar, na universal Grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.
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