(século XVI)
Ao lado dos Cancioneiros de Lisboa, de Belém e de Elvas, o chamado Cancioneiro de Paris, atualmente preservado no acervo da École Nationale de Beaux-Arts da capital francesa, é a mais importante fonte de música secular da Renascença na Península Ibérica. A coleção francesa é, numericamente, a maior, com 130 cantigas, vilancetes e redondilhas do Século XVI. Foi a partir deste Cancioneiro que o grupo de música historicamente informada Capela Ultramarina pesquisou e lançou, há pouco tempo, o álbum A Cantar Uma Cantiga com o registro de 15 destas peças. Ouviremos hoje os versos e a interpretação musical de um dos vilancetes do Cancioneiro de Paris. As palavras vilancete, vilancico ou mesmo vilhancico, etimologicamente aparentadas ao termo catalão villancet, designavam uma forma poética comum na Espanha e em Portugal naquela época. Estes poemas eram amiúde musicados e apresentavam um mote, isto é, um tema inicial que na música servia de refrão, seguido de uma ou mais estrofes, chamadas voltas, coplas ou glosas, cada uma com 7 versos. A diferença entre um vilancete e uma cantiga dependia do número de versos do mote: se fossem 2 ou 3 era um vilancete, se 4 ou mais, uma cantiga. O que teremos a seguir é o vilancete Perdi a Esperança, cuja autoria, como na maioria dos casos, é anônima, e que ouviremos primeiro declamado e depois na gravação da Capela Ultramarina.
Cantigas portuguesas do Cancioneiro de Paris (século XVI):
Perdi a Esperança
Perdi a esperança
ficou-me hum receo
do mal que me veo
Já me vi em dias
que de confiado
não dera um cuidado
por mil alegrias
mas minhas porfias
já agora receo
do mal que me veo
Reçeos, temores,
cansai de cansarme
e nunca matarme
com magoas e dores
passa-las maiores
que o mal que me veo
não posso nem creo
Hum tempo esperei
cuidando ganhar
foi desesperar
o bem que ganhei
já não acharei
no mal que me veo
mor mal que receo.
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