Por que tão poucos apreciam a poesia? O fato é que quando versos são ensinados ou lidos sem paixão corporal pela palavra, viram um mero item acadêmico, uma obrigação maçante
Por que tão poucos apreciam a poesia? O fato é que quando versos são ensinados ou lidos sem paixão corporal pela palavra, viram um mero item acadêmico, uma obrigação maçante. Em suma: uma coisa chata.
Tomemos o exemplo do Arcadismo, o modo poético dominante no século XVIII. Em geral é apresentado como um reflexo literário do Iluminismo, amiúde expresso em termos idílicos e pastorais, embebidos de Neoclassicismo, etc. O que em linhas gerais pode até ser correto, mas de fato não nos diz absolutamente nada do poético. Não passa de uma resposta de vestibular.
Outra coisa é transmitir a mescla de amor, lascívia, idílio e erotismo de muitos poemas rococó! Seus pastores se chamavam assim porque viam a natureza como fonte do prazer voluptuoso. Que não estava só nos temas, mas também na forma de saborear e entrelaçar as palavras.
Nosso exemplo inicial é do mineiro Basílio da Gama, que, por volta dos 20 anos, vai morar na então assustadoramente libertina capital italiana, onde frequenta os poetas da Arcádia Romana. Após uma rápida passagem pelo Rio de Janeiro, lá pelos 27 anos, muda-se para Portugal, leva vida política agitada, vai e volta entre Europa e Brasil, e morre em Lisboa aos 54. Ouçam, dele, este Soneto a uma senhora natural do Rio de Janeiro, onde se achava então o autor.
Basílio da Gama: Soneto a uma senhora natural do Rio de Janeiro, onde se achava então o autor
Já, Marfiza cruel, me não maltrata
saber que usas comigo de cautelas.
que inda te espero ver por causa d’elas,
arrependida de ter sido ingrata.
Com o tempo, que tudo desbarata,
teus olhos deixarão de ser estrelas;
verás murchar no rosto as faces belas,
e as tranças d’oiro converter-se em prata.
Pois se sabes que a tua formosura
por força há de sofrer da idade os danos,
por que me negas hoje esta ventura?
Guarda para seu tempo os desenganos,
gozemo-nos agora, enquanto dura,
já que dura tão pouco a flor dos anos.
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