Augusto de Campos acaba de ser anunciado como vencedor do prêmio Janus Pannonius, do governo da Hungria.
O reconhecimento internacional da obra do poeta brasileiro Augusto de Campos já existia, mas nos últimos dois anos atingiu um novo patamar, primeiro com o prêmio Pablo Neruda de poesia, há dois anos, dado pelo governo do Chile; que aliás fez o governo brasileiro lembrar-se, três meses depois, de homenageá-lo com a Ordem do Mérito Cultural. Agora o poeta acaba de ser anunciado como vencedor do prêmio Janus Pannonius, do governo da Hungria. Tudo isso, porém, se fundamenta numa vida dedicada às letras e às artes de forma geral, na qual vale destacar certas virtudes que são especificamente poéticas, a saber, a amplidão do repertório léxico, amiúde surpreendente, e o domínio rítmico presente desde as primeiras obras. Foi sobre estas bases que Augusto de Campos empreendeu uma busca marcada pelo experimentalismo, na qual abriria caminhos novos para a prática poética. Ouçamos um poema do início de sua carreira, na década de 1950: O Vivo.
Augusto de Campos
O Vivo
Não queiras ser mais vivo do que és morto.
As sempre-vivas morrem diariamente
Pisadas por teus pés enquanto nasces.
Não queiras ser mais morto do que és vivo.
As mortas-vivas rompem as mortalhas
Miram-se umas nas outras e retornam
(Seus cabelos azuis, como arrastam o vento!)
Para amassar o pão da própria carne.
Ó vivo-morto que escarnecem as paredes,
Queres ouvir e falas.
Queres morrer e dormes.
Há muito que as espadas
Te atravessando lentamente lado a lado
Partiram tua voz. Sorris.
Queres morrer e morres.
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